O Pentágono está pressionando fabricantes de armamentos a dobrar ou até quadruplicar a produção de mísseis diante da preocupação com estoques baixos em um possível conflito futuro com a China, informou o Wall Street Journal nesta segunda-feira (29).
Segundo o jornal, a iniciativa é conduzida pelo Conselho de Aceleração de Munições, liderado pelo vice-secretário de Defesa, Steve Feinberg. O grupo realiza reuniões frequentes com executivos de empresas do setor, incluindo Lockheed Martin, Raytheon, Anduril e fornecedores de componentes como propelentes e baterias.
O porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, declarou ao WSJ que “o presidente Trump e o secretário Hegseth estão explorando vias extraordinárias para expandir nosso poder militar e acelerar a produção de munições”, em parceria com a indústria.
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Entre as prioridades estão 12 sistemas considerados críticos, como os mísseis Patriot, o Standard Missile-6, o Long Range Anti-Ship Missile e o Joint Air-Surface Standoff Missile. O Patriot é visto como caso mais urgente, já que a Lockheed tem dificuldades para acompanhar a alta da demanda global.
Apesar da pressão, especialistas e fornecedores apontam obstáculos. Cada míssil pode levar até dois anos para ser montado, e novos contratos exigem meses de testes e centenas de milhões de dólares em investimentos, ressaltou o jornal. Segundo o WSJ, Christopher Calio, CEO da RTX (controladora da Raytheon), enviou carta ao Pentágono em julho alertando que o setor só poderá ampliar a produção com mais recursos e compromissos firmes de compra.
O WSJ lembra que o Congresso aprovou em julho o chamado Big, Beautiful Bill, com US$ 25 bilhões adicionais para munições em cinco anos. Analistas, no entanto, calculam que seriam necessários “dezenas de bilhões a mais” para cumprir as metas traçadas.
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Alguns fornecedores, como a Northrop Grumman, afirmam ter antecipado investimentos. A companhia disse ao jornal ter aplicado mais de US$ 1 bilhão em instalações de motores de foguete, com planos de quase dobrar a capacidade em quatro anos. A Boeing também expandiu uma fábrica para aumentar a entrega de componentes essenciais ao Patriot.
O tema ganhou urgência após a guerra da Ucrânia e, mais recentemente, o conflito de 12 dias entre Israel e Irã, quando os EUA dispararam centenas de mísseis de alto custo. Em setembro, o Exército americano fechou contrato de quase US$ 10 bilhões com a Lockheed para a entrega de cerca de 2 mil mísseis PAC-3 até 2026. A meta do Pentágono é alcançar esse volume anualmente no futuro, segundo o WSJ.
O secretário do Exército, Daniel Driscoll, disse ao jornal que novas medidas estão em preparação, incluindo “mudanças massivamente substantivas” na forma como o governo compra armamentos.