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Em meio a um rombo financeiro estimado em R$ 1,5 bilhão, o prefeito de Campos dos Goytacazes (RJ), Wladimir Garotinho (Progressistas), recorreu a uma campanha de desinformação para tentar justificar a crise fiscal do município.
Neste sábado (21), ele afirmou em redes sociais que um princípio de incêndio na plataforma PCH-1, na Bacia de Campos, afetaria a arrecadação de cidades da região. O problema: a plataforma não produz petróleo desde 2020, antes mesmo de sua gestão, segundo a Petrobras.
Sem contar que a Bacia de Campos tem uma produção em queda nas últimas décadas, o que deveria exigir prudência nos gastos por parte dos governos dos municípios petrorrentistas e busca de novas vocações econômicas, justamente o que não aconteceu em Campos, cidade que se tornou símbolo de obras faraônicas com custos elevados de construção e manutenção.
Desinformação e tentativa de atribuir culpa
Wladimir Garotinho, que também é presidente da Ompetro (entidade simbólica e sem influência política), vinculou o suposto impacto financeiro ao acidente e à queda no preço do barril de petróleo, atribuída a medidas do presidente dos EUA, Donald Trump, na guerra comercial.
Em vídeo postado nas redes sociais, no entanto, o prefeito de Macaé, Welberth Rezende, que trabalhou na indústria petrolífera, ao informar sobre as medicas que o seu município estava adotando para prestar socorro às vítimas, acabou esclarecendo também que a plataforma não estava explorando petróleo: “A plataforma estava desativada, em manutenção para venda”, disse em um trecho do vídeo.
O incêndio na Cherne 1 (PCH-1), ocorrido na segunda-feira (21), deixou um trabalhador ferido e expôs críticas do Sindipetro-NF sobre falta de investimentos na Bacia de Campos. A Petrobras confirmou que a plataforma está inoperante desde 2020 e que o acidente foi controlado, sem danos ambientais.
Crise fiscal: gestão questionada e gastos eleitoreiros
Sobre as causas da volatilidade na cotação do barril do petróleo, a teoria de Wladimir também contraria a análise de especialistas como Alfredo Renault, diretor da COPPE/UFRJ. Ele explicou em recente entrevista, que a volatilidade do petróleo deriva de vários fatores como risco de recessão global (em parte decorrente das medidas de Trump) e o recente aumento da produção pela OPEP. Renault destacou que, por outro lado, a alta do dólar compensa parcialmente a queda no preço do barril.
“A Petrobras tem demonstrado, corretamente, que não vai tratar essa volatilidade imediatamente em cima dos preços, essa flutuação não pode ir diretamente influenciando o preço no curto prazo. O que a gente está vendo é que essa diminuição do preço do brent está sendo acompanhada por um aumento do câmbio, o que, de certa forma, equilibra o jogo em termos de preço”, explicou Renault em entrevista ao Jornal Nacional.
A crise em Campos é fruto de má gestão, gastos excessivos em ano eleitoral e inchaço da folha de pagamento. Com a conta chegando, Wladimir Garotinho tenta transformar um acidente em plataforma desativada em bode expiatório.
Enquanto isso, o Sindipetro-NF alerta: “O sucateamento da Bacia de Campos coloca vidas em risco”.
A estratégia do prefeito de Campos revela não apenas desinformação, mas uma tentativa desesperada de desviar o foco de problemas reais: uma gestão fiscal caótica e o descaso com a transparência pública. Enquanto municípios sofrem com a crise, a população cobra respostas — e não narrativas enganosas.
Fonte: Portal Viu