O Goldman Sachs revisou para cima suas projeções para a Vale (VALE3), apoiado na melhora das divisões de minério de ferro e metais básicos. O banco vê a estratégia comercial mais adaptada às condições de mercado, com ganhos já perceptíveis, como a redução de US$ 5 por tonelada no ponto de equilíbrio do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado no primeiro semestre.
Outro fator positivo é a preservação das reservas de alto teor em Carajás, que sustentam o plano de mina para além de 2027 sem depender de mudanças regulatórias. As análises foram feitas após reuniões com executivos da mineradora durante o Investor Tour e em encontro com o diretor financeiro.
Nos metais básicos, o Goldman avaliou que o níquel apresentou desempenho melhor do que o esperado no segundo trimestre, com custos menores e perspectiva de que a melhora seja duradoura. Ainda assim, a operação continua consumindo caixa e depende da recuperação do ciclo.
No cobre, o banco não incorporou ao modelo o plano de alcançar 700 mil toneladas anuais até 2035 por falta de detalhes técnicos, mas fez simulações para medir o potencial de geração de valor. Para o minério de ferro, a administração da Vale prevê equilíbrio em torno de US$ 90 por tonelada, sustentado pela curva global de custos em caixa, mesmo com a entrada do projeto Simandou.
A meta, segundo o Goldman, é manter produção anual de 360 milhões de toneladas e explorar ajustes comerciais, como no Brazilian Blend Fines (BRBF), que passou de desconto para prêmio e gerou US$ 400 milhões adicionais em Ebitda.
Ebitda, recomendação de compra e riscos
Com esses fatores, a projeção de Ebitda para este ano subiu de US$ 13,5 bilhões para US$ 13,9 bilhões, valor ainda 5% abaixo do consenso de mercado, mas que abre espaço para dividendos extraordinários ou recompras de ações entre US$ 200 milhões e US$ 400 milhões, possivelmente em março de 2026.
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Para 2026, o banco projeta retorno de fluxo de caixa livre de 8% e múltiplo de valor da firma sobre Ebitda (EV/Ebitda, na sigla em inglês) de cinco vezes, desconto de 17% frente a mineradoras australianas. As estimativas de Ebitda foram ajustadas em +3% para 2025, -3% para 2026 e -1% para 2027, refletindo preços do minério de ferro, novos investimentos, a venda da participação na Aliança Energia e os resultados do segundo trimestre.
A recomendação de compra foi mantida, com preço-alvo de US$ 14,8 por ação em 12 meses, ante os US$ 15,5 anteriores. Entre os riscos, os analistas citam queda mais acentuada do minério de ferro caso a economia chinesa desacelere, valorização do real frente ao dólar, dificuldades na recuperação do cobre e do níquel, possíveis provisões adicionais ligadas à Samarco e desempenho operacional aquém do esperado.