Autoridades do governo Trump planejam anunciar nesta segunda-feira (22) uma ligação entre o princípio ativo do Tylenol e o autismo, informou o Washington Post, citando fontes não identificadas.
Segundo o jornal, a orientação será para que mulheres grávidas evitem o uso do medicamento — um dos analgésicos mais comuns e vendidos sem prescrição no mundo —, a não ser em caso de febre.
Uma reportagem anterior sobre a investigação de possíveis vínculos entre o paracetamol e o autismo já havia derrubado as ações da Kenvue, fabricante do Tylenol.
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A empresa afirmou no domingo que “evidências científicas independentes e sólidas” mostram que o uso de paracetamol não causa autismo.
“Discordamos fortemente de qualquer sugestão em contrário e estamos profundamente preocupados com o risco que isso representa para gestantes”, disse a companhia em comunicado. “O fato é que mais de uma década de pesquisas rigorosas, endossadas por profissionais médicos de referência e autoridades regulatórias globais, confirma que não há evidência confiável ligando o paracetamol ao autismo.”
As ações da Kenvue chegaram a cair 4,6% no pré-mercado desta segunda-feira. No acumulado do ano, o papel recua 14%.
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De acordo com o Washington Post, o governo Trump também deve promover outro medicamento, o leucovorina, como potencial tratamento para o autismo. Trata-se de um genérico produzido por diversos fabricantes e usado principalmente na oncologia para reduzir efeitos colaterais de outros remédios.
‘Encontramos uma resposta’
O anúncio acontece no mesmo dia em que o presidente Donald Trump prometeu realizar “uma das coletivas de imprensa mais importantes” de sua carreira sobre o tema.
“Acreditamos que encontramos uma resposta para o autismo”, disse Trump durante uma cerimônia em memória do ativista conservador Charlie Kirk. “Há claramente algo muito errado, achamos que sabemos o que é.”
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No fim de 2023, uma juíza rejeitou as provas científicas apresentadas em processos que alegavam que a exposição pré-natal ao Tylenol vendido sem prescrição teria causado autismo.
A juíza distrital Denise Cote, em Manhattan, concluiu que os autores de mais de 400 ações contra fabricantes e vendedores de paracetamol se apoiavam em ciência falha ao tentar demonstrar risco maior de problemas de desenvolvimento em bebês.
Um estudo publicado em 2024, que analisou registros de quase 2,5 milhões de irmãos nascidos na Suécia entre 1995 e 2019, também não encontrou aumento no risco de autismo em filhos de mães que tomaram paracetamol durante a gravidez.
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