Um pedido de casamento, uma proposta irrecusável de emprego ou a oportunidade para ser modelo ou jogador de futebol em outro país.
O que muita gente nem imagina é que essas promessas de realização de um sonho podem, na verdade, ser uma armadilha e acabar em pesadelo. É dessa forma que muitas pessoas são atraídas e se tornam vítimas do tráfico humano.
Um dos principais desafios no enfrentamento do problema é justamente essa dificuldade de identificar os indícios desse tipo crime logo no início. Isso porque os aliciadores se portam como pessoas acima de qualquer suspeita e têm boa lábia, como explica a pesquisadora do Projeto Migrações e Fronteiras, da Universidade de Brasília (UnB), Sarah França.
“Geralmente eles se passam como bem feitores, pessoas honestas, justamente para criar oportunidades imperdíveis, que parecem perfeitas demais para ser verdade. Para que uma pessoa possa discernir, é necessário ter uma atitude crítica e observar os sinais de alerta. A pessoa que comece a desconfiar, é importante que ela busque ajuda”.
E não é só fora do país que o crime acontece. Segundo a Secretaria de Justiça do Distrito Federal, Brasília é um dos destinos preferidos de aliciadores que atuam no tráfico humano interno, com promessas de grandes ofertas de trabalho.
Marina Bernardes de Almeida, coordenadora de Política de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do Ministério da Justiça, aponta que as redes sociais e os aplicativos de mensagens têm sido canais frequentes de atração dessas vítimas.
“A gente tem visto muito, e o último relatório aponta a questão do aliciamento por redes sociais e por aplicativo de mensagens. Então sempre desconfiar quando chegar algo por esses canais. Sempre verificar se tem contrato, as cláusulas desse contrato, se for possível, consultar um advogado pra verificar a veracidade do que está escrito ali”.
Em abril, os Ministérios da Justiça e Segurança Pública e do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome lançaram um curso sobre o Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas. O objetivo é difundir essa temática entre trabalhadores do Sistema Único de Assistência Social (Suas).
No primeiro ciclo de oferta, mais de 3 mil profissionais de todos os estados da federação foram certificados.