No universo dos seguros residenciais, uma série de crenças, dúvidas e desinformações podem confundir consumidores na hora de contratar uma proteção adequada para suas casas.
Segundo levantamento da Susep (Superintendência de Seguros Privados), órgão federal que regula o setor de seguros no Brasil, das 90 milhões de residências no país, apenas 20% possuem seguro residencial.
Essa baixa adesão é preocupante se considerada a frequência e o impacto dos desastres naturais relacionados à água no país.
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Entre 2000 e 2024, os desastres naturais envolvendo água, como chuvas intensas, enxurradas, alagamentos e inundações, causaram prejuízos que ultrapassaram R$ 600 bilhões no país, segundo dados do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional. Desse total, os danos às habitações somaram R$ 57 bilhões e deixaram mais de 9 milhões de pessoas desabrigadas ou desalojadas.
Diante da baixa adesão à cobertura para alagamentos e da ocorrência de catástrofes, a Susep abriu uma consulta pública para discutir alternativas que aumentem a inclusão dessa proteção no seguro residencial. A consulta está aberta até 29 de setembro, e permite que a sociedade contribua com sugestões para aprimorar essa cobertura.
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Contudo, as dúvidas dos consumidores sobre o seguro residencial vão além da cobertura para alagamentos. Pensando nisso, o InfoMoney listou 6 mitos e verdades mais comuns sobre a modalidade. Confira a seguir.
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1. Seguro residencial é muito caro
MITO: O custo depende do valor segurado e das coberturas escolhidas, e pode ser bem acessível.
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“O modelo on demand [sob demanda] do seguro residencial é personalizado de acordo com o perfil do cliente, que pode escolher as coberturas que realmente necessita. O valor depende dessas escolhas, pois o cliente customiza as coberturas no momento da simulação”, diz Camila Beck, gerente de novos negócios da seguradora Simple2u.
Algumas seguradoras oferecerem seguros residenciais por menos de R$ 20 mensais.
A reportagem solicitou uma simulação para a Simple2u. O valor mínimo de contratação mensal para o seguro residencial na empresa é de R$ 17,99. Essa cobertura inclui proteção básica de até R$ 100 mil, além de garantias contra danos elétricos, roubo ou furto qualificado, perda ou pagamento de aluguel, e quebra de vidros, espelhos, mármores e granitos.
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“Muitas vezes, o valor mensal que se paga é menor do que o custo de um café por dia”, afirma Jarbas Medeiros, presidente de riscos patrimoniais da FenSeg (Federação Nacional de Seguros Gerais), entidade que representa as seguradoras que operam no ramo.
O custo da apólice (contrato de seguros) varia conforme localização, valor segurado e histórico local. Em apartamentos, o valor costuma ser um pouco menor do que o cobrado pelo seguro para casas, onde há maior exposição a riscos como roubo.
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2. Seguro residencial cobre incêndios, roubos e alagamento
VERDADE: A cobertura básica inclui, obrigatoriamente, incêndios, queda de raio e explosão, mas as coberturas adicionais podem ampliar a proteção contra outros riscos.
No ato de contratação do seguro residencial, é exigido que o segurado opte por pelo menos uma cobertura adicional, como as listadas abaixo:
- Alagamento/inundação
- Danos elétricos
- Danos por água
- Derramamento d’água/vazamento sprinklers
- Desmoronamento
- Tacos de golfe
- Perda pagamento de aluguel
- Quebra de vidros
- Roubo de bens, entre outros.
3. Seguro demora para pagar indenização
MITO: Muitas seguradoras têm processos rápidos, desde que a documentação esteja correta.
Para receber a indenização do seguro residencial, é fundamental apresentar toda a documentação exigida, que varia conforme o tipo de cobertura, como boletins de ocorrência, orçamentos para reparos, fotos dos danos e comprovantes diversos.
Com a documentação completa e correta, o pagamento da indenização pode ser feito em até 10 dias corridos em algumas seguradoras, por isso é importante deixar os documentos sempre organizados para acelerar o processo.
“Com todos os processos digitais que utilizamos hoje em dia, o atendimento se torna muito rápido e dinâmico. Por isso, o mito de que os pagamentos são lentos não procede. Está cada vez mais ágil, e nosso foco é resolver com rapidez e manter um atendimento humanizado”, afirma Beck.
4. Quem aluga um imóvel pode contratar seguro residencial
VERDADE: Proprietários e inquilinos podem contratar seguros específicos para proteger estrutura e bens. Existem apólices focadas em cada perfil para garantir proteção adequada.
Por exemplo, se você mora em outra residência e está temporariamente na casa de um familiar, como sua mãe, também pode contratar o seguro para esse imóvel.
“É possível contratar seguro residencial inclusive para imóveis alugados por temporada, como Airbnb. A principal diferença é que, enquanto o proprietário protege a estrutura do imóvel, o inquilino protege seus bens pessoais. Ambos podem fazer a contratação”, diz Beck, da Simple2u.
Além disso, o seguro residencial também pode incluir a cobertura chamada de responsabilidade civil do morador, que cobre situações como vazamentos no apartamento que atingem vizinhos, e casos como acidentes com animais de estimação que resultem em danos a terceiros.
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5. Seguro residencial cobre automaticamente danos por enchentes
MITO: A cobertura para enchentes não é obrigatória nem automática na maioria das apólices básicas. Normalmente, é necessário contratar cobertura adicional específica para enchentes.
Além disso, alagamento, inundação e enchente são eventos diferentes, com coberturas distintas. É importante revisar a apólice para entender quais riscos estão cobertos.
6. Não preciso de seguro porque nunca tive problemas
MITO: Embora muitas pessoas acreditem que o seguro não seja necessário porque nunca enfrentaram problemas, a proteção oferecida pelo seguro é cada vez mais importante diante dos riscos e imprevistos atuais.
O seguro residencial pode ainda incluir assistências que trazem benefícios práticos no dia a dia, como atendimento de chaveiro, eletricista, encanador, reparos de eletrodomésticos e hidráulicos, por exemplo.
Tem alguma dúvida sobre o tema? Envie para leitor.seguros@infomoney.com.br que buscamos um especialista para responder para você!