Os mercados digerem nesta quinta-feira (18) a decisão do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos), que reduziu a taxa de juros para a faixa de 4% a 4,25% ao ano, o primeiro corte da taxa básica americana em 2025. A decisão ocorreu após cinco reuniões consecutivas de manutenção e teve uma dissidência, com o diretor Stephen Miran votando por uma redução maior de 0,50 ponto percentual. Além disso, o BC norte-americano indicou que mais dois cortes nos juros podem ser feitos até o final do ano, outro em 2026 e mais um em 2027.
Ao mesmo tempo, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano pela segunda vez seguida, reforçando a intenção de conservar o nível elevado por um período prolongado. O comunicado avaliou que a inflação ainda se mantém distante da meta e que as projeções seguem pressionadas pela atividade econômica e pelo mercado de trabalho aquecido. A estratégia, segundo o colegiado, é manter a política monetária em patamar restritivo enquanto houver incerteza quanto à convergência da inflação.
Em Brasília, a Câmara aprovou urgência para projeto de anistia a Bolsonaro e condenados no STF. Trata-se de um gesto do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), aos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Mas ainda não há consenso sobre qual texto será analisado e qual a previsão de data para uma nova votação do mérito da proposta.
Ambas as decisões ajudaram a sustentar o ânimo dos investidores. O Ibovespa fechou em alta de 1,06%, aos 145.593,63 pontos, após atingir a máxima de 146.330,90 pontos no pregão e renovando recordes históricos. O dólar comercial encerrou o dia cotado a R$ 5,301, em leve avanço de 0,06%, enquanto os juros futuros recuaram em toda a curva.
Na agenda econômica desta quinta-feira, os Estados Unidos divulgam às 9h30 os pedidos semanais de seguro-desemprego, dado que mede a força do mercado de trabalho em solo americano. Na Europa, o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) deve manter as taxas de juros em 4%. Já no Brasil, a agenda está esvaziada, sem indicadores relevantes previstos para o dia.
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Agenda
O presidente Lula cumpre agenda nesta quinta no Palácio do Planalto. Pela manhã, às 10h, ele se reúne com Marco Aurélio Marcola, chefe do Gabinete Pessoal da Presidência, e Oswaldo Malatesta, chefe do Gabinete Adjunto de Agenda. Às 11h, Lula recebe o presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro Aloysio Corrêa da Veiga, acompanhado do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, e de outros ministros do TST. Às 15h30, o presidente participa da cerimônia de anúncio dos projetos habilitados pelo Novo PAC Seleções 2025 – Drenagem e Encostas.
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O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, participa da abertura do II Seminário Nacional sobre Crédito Consignado, promovido pela Revista Justiça e Cidadania. O evento acontece no edifício-sede do BC, em Brasília, das 9h às 10h30, e será transmitido ao vivo. O compromisso está em linha com as regras do silêncio do Copom.
Às 10h, Fernando Haddad, ministro da Fazenda, tem reunião com Gilneu Francisco Astolfi Vivan, diretor de Regulação do BC.
EUA
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- 09h30 – Seguro-desemprego (semanal)
INTERNACIONAL
Fed
Os dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) reduziram as projeções para a taxa dos Fed Funds (como é conhecida a taxa básica de juros dos EUA) para 2025, 2026 e 2027 em setembro, na comparação com as estimativas divulgadas após a reunião de política monetária de junho.
Reunião
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reuniu-se nesta quinta-feira (18) com o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, na residência oficial de Chequers. O encontro marca a primeira reunião bilateral desde que o trabalhista assumiu o cargo de chefe de governo britânico.
Sem apoio amplo
O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou na quarta-feira (17) que não houve apoio amplo dentro do comitê para um corte maior, de 0,50 ponto percentual, na taxa de juros. O Fed reduziu os juros em 0,25 ponto, com apenas uma dissidência, o diretor Stephen Miran, indicado por Donald Trump. Dois dias antes, o presidente dos Estados Unidos havia pressionado publicamente por uma redução mais agressiva.
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Queda
As exportações do Japão para os Estados Unidos caíram 13,8% em agosto, com forte recuo nas vendas de automóveis e peças automotivas, segundo dados do Ministério das Finanças japonês. A indústria automotiva, afetada por tarifas de até 27,5%, viu as exportações de carros despencarem 28,4% e as de peças 7,1%. Na terça-feira (16), entrou em vigor a redução das tarifas sobre veículos japoneses para 15%, após acordo comercial com Washington.
Novas críticas
O subsecretário do Departamento de Estado americano, Christopher Landau, criticou na quarta-feira (17) o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, afirmando que os Estados Unidos esperam que o Brasil contenha o magistrado antes que ele prejudique a relação bilateral. Landau reagiu a um pedido de prisão contra Flávia Magalhães, cidadã brasileira com residência na Flórida, e acusou Moraes de abusar do processo judicial com fins políticos. O STF não se pronunciou sobre a declaração, enquanto o governo americano já sinalizou que poderá adotar novas sanções caso a situação avance.
PIB da Argentina
O PIB (Produto Interno Bruto) da Argentina caiu 0,1% no segundo trimestre deste ano em relação aos três primeiros meses do ano, interrompendo um período de crescimento trimestral. Na comparação anual, o PIB avançou 6,3% sobre o mesmo período de 2024, puxado por alta na formação bruta de capital fixo, intermediação financeira, hotéis, restaurantes e construção. Apesar do crescimento anual, analistas apontam fragilidade econômica devido à queda do consumo, à atividade industrial fraca e à volatilidade cambial, com o dólar ultrapassando 1.474 pesos na quarta-feira (17).
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ECONOMIA
Selic
O Banco Central, decidiu nesta quarta manter em 15% a Selic, a taxa básica de juros da economia. A decisão de manutenção já era amplamente esperada pelo mercado financeiro e havia sido praticamente antecipada pela diretoria do BC na reunião de julho. Na ocasião, a autoridade monetária comunicou que seria necessário manter “uma política monetária contracionista por período bastante prolongado”.
Reforma tributária
O segundo projeto de regulamentação da reforma tributária (PLP 108/2024) foi aprovado na quarta-feira (17) na Comissão de Constituição e Justiça do Senado e seguirá para votação no Plenário da Casa na próxima terça-feira (23). O texto permite que empresas regularizem pendências fiscais em 2026 sem risco imediato de multa e estabelece ajustes em tributos como CBS, IBS e Imposto Seletivo. As mudanças visam destravar a criação do Comitê Gestor e a edição das normas infralegais da reforma, que entra em vigor em janeiro de 2026.
Energia elétrica
O plenário da Câmara aprovou na quarta-feira (17) a Medida Provisória 1300/2025, que institui a tarifa social de energia elétrica, e o texto segue agora para análise do Senado. O programa zera a conta de luz para famílias de baixa renda que consomem até 80 kWh por mês e concede descontos parciais para consumo até 120 kWh, beneficiando cerca de 60 milhões de pessoas.
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POLÍTICA
PEC da Blindagem
Bombardeada de críticas por internautas, juristas, advogados e opinião pública, a Câmara dos Deputados concluiu a votação da PEC da Blindagem na quarta-feira (17), aprovando a emenda que autoriza investigações e prisões de parlamentares por meio de votação secreta. A proposta agora segue para o Senado, onde precisa passar em dois turnos para ser promulgada sem sanção presidencial. A manobra do centrão, articulada com o apoio do presidente da Câmara, Hugo Motta, garantiu a aprovação da emenda por 314 votos a 168, em retaliação ao governo Lula.
Desaceleração
O Senado deve desacelerar a tramitação da PEC que restringe investigações contra congressistas caso a conjuntura política não mude, diz o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), em reportagem da Folha de S.Paulo. A medida, aprovada rapidamente na Câmara, gerou desgaste público e críticas do Supremo Tribunal Federal (STF), além de forte reação nas redes sociais. Senadores avaliam que a pressão dos deputados será grande, mas decisões futuras do STF e a proximidade das eleições de 2026 podem alterar o clima político.
Pedido de suspensão
Lindbergh Farias, líder do PT na Câmara dos Deputados, acionou o STF para suspender a PEC da Blindagem, alegando irregularidades constitucionais e regimentais. Segundo ele, a proposta foi apresentada sem publicidade mínima e teve emenda aglutinativa que restaurou a votação secreta. O pedido quer interromper a tramitação até decisão definitiva, por suposto abuso de poder e violação ao devido processo legislativo.
Anistia
A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta a urgência (aceleração da tramitação) da anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro. Trata-se de um gesto do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), aos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O projeto com urgência aprovada com 311 votos sim e 163 não é do deputado Marcelo Crivella. A versão proposta beneficia Bolsonaro, os demais condenados pelo Supremo Tribunal Federal e também os envolvidos nos ataques de 8 de Janeiro. Mas ainda não há consenso sobre qual texto será analisado e qual a previsão de data para uma nova votação do mérito da proposta.
Vai vetar
O presidente Lula (PT) afirmou que vetará qualquer projeto de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) caso seja aprovado pelo Congresso. A declaração foi dada à BBC News Brasil e à BBC News na quarta-feira (17), no Palácio da Alvorada, reforçando que o Executivo não se envolve diretamente na pauta do Legislativo. Lula disse que, mesmo considerando o Congresso responsável pela decisão, se a proposta chegasse para sanção, o veto seria aplicado, e a medida ainda poderia ser questionada no STF.
Big techs
Lula assinou e enviou ao Congresso projeto que dá ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) poder para regular big techs e garantir concorrência. A medida cria superintendência especializada e estabelece regras específicas para empresas de relevância sistêmica, com base em modelos da Alemanha e Reino Unido. Lula reforçou que empresas estrangeiras ou nacionais são bem-vindas, desde que sigam a legislação brasileira e respeitem a proteção de crianças na internet.
Exames de Bolsonaro
Exames realizados por Jair Bolsonaro (PL) identificaram câncer de pele em duas lesões removidas do braço e do tórax, diagnosticadas como carcinoma de células escamosas de nível intermediário, considerado curável, e que exigirá acompanhamento clínico periódico. Outros exames apontaram anemia persistente e alterações na função renal, sem problemas graves detectados na ressonância magnética.
Novas regras
O ministro Alexandre de Moraes determinou que os deslocamentos do ex-presidente Jair Bolsonaro durante a prisão domiciliar sejam feitos exclusivamente pela Polícia Federal ou Polícia Penal, sem participação do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), após falhas na saída do hospital em 14 de setembro, quando Bolsonaro ficou seis minutos parado enquanto apoiadores filmavam o local. Moraes apontou erros no procedimento, incluindo embarque ao ar livre e aglomeração de pessoas, e exigiu que o ex-presidente passe a usar veículos oficiais das forças de segurança.
(Com Reuters, Estadão, O Globo e Agência Brasil)