Quando a Eletrobras foi privatizada, em junho de 2022, milhões de trabalhadores tiveram a chance de aplicar parte do saldo do FGTS em Fundos Mútuos de Privatização (FMPs). A promessa era clara: transformar a reserva de baixa rentabilidade do FGTS em ganhos mais robustos, aproveitando o potencial da maior companhia elétrica da América Latina.
Três anos depois, o saldo da experiência mostra um retrato misto. Enquanto o FGTS tradicional manteve sua característica de estabilidade com rendimentos modestos, o CDI e o Ibovespa superaram os retornos dos FMPs no acumulado desde a privatização.
Porém, no recorte mais recente, de setembro de 2024 a setembro de 2025, os FMPs dispararam e superaram todos os benchmarks, sinalizando que a tese de privatização pode estar começando a dar frutos.
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No campo fundamentalista, a visão segue positiva. O Itaú BBA recentemente elevou o preço-alvo da ação para R$ 63,30 ao fim de 2026 (antes era R$ 54,90 para 2025), mantendo recomendação “outperform”.
Nesta quinta-feira (18), os papéis terminaram cotados a R$ 49,00, com alta de 0,41%, elevando a valorização a 8,89% em setembro, a ganhos de 53,22% em 2025 e elevação de 27,80% no intervalo de 12 meses.
O recorte dos últimos 12 meses: FMP na liderança
O cenário muda completamente quando se olha apenas o desempenho entre setembro de 2024 e setembro de 2025:
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- FMP Eletrobras (Fundo mútuo da XP): +23,65%
- CDI: +13,08%
- Ibovespa: +6,74%
- FGTS tradicional: TR + 3% por ano
A recuperação da Eletrobras na Bolsa permitiu que os FMPs se descolassem dos concorrentes, mais do que dobrando o retorno do CDI e superando amplamente o FGTS e o Ibovespa em 12 meses.

Comparativo de longo prazo (jun/22 – set/25)
De acordo com dados, desde a privatização até setembro de 2025:
- CDI: +47,44%
- Ibovespa: +41,15%
- FMP Eletrobras (Fundo mútuo da XP): +25,73%
- FGTS tradicional: TR + 3% por ano

Perspectivas
É importante destacar que o futuro dos FMPs depende diretamente da performance da Eletrobras pós-privatização. Se a companhia ampliar eficiência, reduzir custos e entregar dividendos robustos, os fundos podem seguir se valorizando e consolidar a recuperação vista em 2025.
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Por outro lado, a experiência até aqui deixa uma lição: quem aplicou o FGTS no FMP assumiu risco de mercado, enfrentou perdas prolongadas, mas agora começa a ver sinais de que a aposta pode valer a pena no longo prazo.
Já quem permaneceu no FGTS tradicional manteve previsibilidade, mas abriu mão de ganhos maiores — inclusive dos que poderiam ter vindo com alternativas conservadoras como o CDI.
Análise técnica Eletrobras (ELET3)
Indo para a análise técnica, no médio prazo, através do gráfico semanal, é possível observar que as ações da Eletrobras (ELET3) vêm em forte movimento de valorização nas últimas semanas.
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O papel acumula uma sequência de quatro semanas consecutivas de alta e, caso confirme fechamento positivo nesta semana, será a quinta alta seguida, renovando inclusive topo histórico.
O ativo negocia acima das médias móveis de 9 e 21 períodos, confirmando o viés altista. Para dar sequência ao fluxo comprador, será necessário consolidar o rompimento da região atual, o que abriria espaço para buscar alvos mais longos nas resistências de R$ 52,60 / R$ 54,00, com projeção posterior em R$ 55,44.
Por outro lado, o IFR (14) em 77,21 pontos indica condição de sobrecompra, sugerindo que o ativo pode passar por uma correção técnica ou movimento de lateralização, sem que isso comprometa a tendência principal.
Nesse cenário, os suportes mais próximos estão nas regiões de R$ 47,34 / R$ 45,53, e mais abaixo em R$ 44,10 / R$ 42,72, níveis que coincidem com médias móveis e podem funcionar como zonas de acomodação em caso de ajuste.
No mês de setembro, ELET3 acumula alta de 8,84% e, no ano de 2025, já registra valorização expressiva de 52,62%, reforçando a força compradora e o apetite do mercado pelo ativo.
A estrutura gráfica segue claramente positiva no médio prazo, mas a região atual exige cautela, já que combina máximas históricas com IFR em sobrecompra, o que aumenta a probabilidade de movimentos corretivos antes de novas expansões de alta.

(Rodrigo Paz é analista técnico)
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