As ações da petroleira PRIO (PRIO3) têm alta de 2,90% neste mês, sendo negociadas em torno de R$ 39 no Ibovespa, embora acumulem queda de 8,37% nos últimos doze meses. Esse movimento levanta a pergunta para os investidores: vale a pena apostar na companhia agora, considerando o endividamento crescente, a queda de rentabilidade e as perspectivas de expansão?
Entre elas estão o campo de Peregrino, na Bacia de Campos, no Estado do Rio de Janeiro, e o projeto conhecido como tieback em Wahoo, que pretende conectar esse campo a uma infraestrutura já existente, reduzindo custos e acelerando o início da produção.
A pergunta surge após a companhia registrar um lucro líquido 54% menor no segundo trimestre deste ano (2T25) em relação ao mesmo período do ano passado, totalizando US$ 122,5 milhões, segundo o relatório de resultados divulgado em 5 de agosto. O dado considera ajustes pela norma IFRS-16, que trata do registro contábil de contratos de arrendamento.
O desempenho operacional também sofreu pressão. O Ebitda da PRIO, que representa o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, caiu 57% na comparação anual, para US$ 260 milhões, enquanto a margem Ebitda despencou 30 pontos percentuais, chegando a 55%, refletindo custos mais altos e menores volumes de produção.
Em maio, a PRIO anunciou a compra da participação restante de 60% no campo de Peregrino, da norueguesa Equinor, por mais de US$ 3 bilhões, tornando-se 100% proprietária do ativo. A operação aumenta o potencial de produção da empresa, mas também eleva os compromissos financeiros, exigindo atenção à alavancagem.
A relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado, indicador de alavancagem financeira, subiu para 1,8 vez no trimestre encerrado em junho, contra 0,4 vez no mesmo período de 2024 e 1,3 vez ao final do primeiro trimestre deste ano, chamando atenção para os riscos financeiros da companhia.
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O que atrai os investidores
Os olhares dos investidores sobre a PRIO aumentaram após, em 12 de setembro, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) aprovar a licença de instalação para o desenvolvimento do tieback em Wahoo, embora a licença de operação, última condição para o primeiro óleo, ainda esteja pendente e deva ser concedida nos próximos meses.
O primeiro óleo de Wahoo segue esperado apenas para março de 2026 e deve ter grande relevância para as ações da PRIO3. A notícia, diz o Goldman Sachs, é vista como positiva estrategicamente porque aumenta a visibilidade de mercado sobre o cronograma da empresa e reduz riscos de atrasos adicionais.
O Goldman, por sinal, manteve recomendação neutra e preço-alvo de R$ 48,10, lembrando que sua equipe global de commodities projeta o preço do petróleo Brent a US$ 56 por barril em 2026. Mesmo assim, o banco vê o início da produção em Wahoo como o próximo ponto de atenção para as ações da companhia.
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A Genial Investimentos, por sua vez, diz que a concessão da licença permite que Wahoo entre no cronograma de produção já no primeiro semestre do próximo ano. A corretora calcula que, aos níveis atuais de preço, a PRIO negocia a cerca de duas vezes o Valor da Firma (EV) sobre o Ebitda para 2026, com geração de caixa estimada em 30%, reforçando recomendação de compra e preço-alvo de R$ 69.
A concessão da licença foi avaliada como positiva pelo JPMorgan, que afirmou que a medida ajuda a destravar valor no portfólio da PRIO e reduz o risco de novos atrasos na operação. O banco mantém classificação overweight, equivalente a compra, com preço-alvo de R$ 53.
Ao contrário do Goldman, o Morgan Stanley projeta que o primeiro óleo sairá em abril de 2026. Os quatro poços, cada um com capacidade de 10 mil barris por dia, representam cerca de 21% do valor estimado da PRIO, considerando preço de petróleo de longo prazo a US$ 70 por barril. Com esses cálculos, o banco mantém recomendação de compra e preço-alvo de R$ 63,50.
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A licença também chamou atenção da XP Investimentos, que afirma que a medida deve aumentar a visibilidade da PRIO no mercado e contribuir para destravar valor para os investidores, mantendo a companhia como uma das favoritas do setor de petróleo e gás.
Segundo cálculos da corretora, a PRIO negocia a uma avaliação atrativa, com rendimento de fluxo de caixa (FCFy) estimado em 28% para 2026, sem considerar a segunda tranche de Peregrino ainda não concluída.