Os family offices andam preocupados com o cenário macroeconômico global, em especial os riscos de inflação, geopolítica e a relação entre Estados Unidos e China. Com esse pano de fundo, caiu o sentimento anual em relação a ações de mercados desenvolvidos, como os EUA, enquanto o de papéis de emergentes subiu. Os ativos digitais também ganharam mais popularidade – mas só um pouco.
É isso que mostra o relatório 2025 Global Family Office Report, divulgado nesta semana pelo Citi Wealth, abrangendo o período entre e junho e julho deste ano. O material é baseado em entrevistas feitas com 346 family offices de 45 países diferentes, com um patrimônio líquido médio de US$ 2,1 bilhões.
O otimismo líquido com ações de mercados desenvolvidos caiu de 30% em 2024 para 17% neste ano, mostra o relatório. O mesmo foi observado em investimento direto em empresas privadas (36% para 15%), investimento em fundos de private equity (26% para 7%), crédito privado (22% para 12%) e investimento em imóveis, ou real state (19% para 6%).
Na contramão, houve aumento de otimismo com papéis de mercados emergentes (4% para 11%), hedge funds (0% para 14%), commodities (9% para 10%), criptomoedas (-11% para -1%) e renda fixa de emergentes (-13% para -6%).

Apesar do sentimento, quadro permanece igual
Embora o relatório tenha captado mudança de sentimento em relação às classes, o quadro geral de investimentos ainda permanece igual ao do ano passado. Os portfólios ainda dão preferência por ações públicas (alocação média de 27%), seguida por renda fixa (15%) e caixa e equivalentes de caixa (13%).
Em seguida, aparecem investimento direto no setor de imóveis (12%), fundos de private equity (9%) e investimento direto em private equity.
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“Dentro dos investimentos diretos, empresas em crescimento e em estágio inicial são as categorias mais favorecidas. Essa preferência provavelmente reflete o potencial de retornos mais elevados nesses segmentos, bem como a oportunidade para family offices se envolverem ativamente com empresas do portfólio e contribuírem para seu crescimento”, diz o relatório.
As alocações em hedge funds ficaram em 5%, enquanto crédito privado (3%), commodities e outros ativos permaneceram inalterados. Já os ativos digitais passaram de 0% para 1%.

Sobre a regionalidade, apesar das preocupações com o cenário nos EUA, os family offices ainda mantêm uma média de 60% de seus portfólios em ativos na América do Norte, à frente das alocações para a Europa (17%), Ásia-Pacífico (excluindo a China, com 13%), América Latina (3%) e Oriente Médio (2%).

“Esses níveis foram amplamente consistentes com os resultados do ano passado, com a Europa e a Ásia-Pacífico (excluindo a China) registrando um aumento de 1 ponto percentual, enquanto a América Latina recuou 2 pontos percentuais”, disse o relatório
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O papel das criptos
No geral, houve um movimento pró-cripto dos family offices. No entanto, os ativos digitais não são uma prioridade para a maioria dos entrevistados (69%) em todo o mundo. Da minoria, 13% consideram investir, mas ainda estão na fase de entender melhor o setor. Apenas 15% alocaram até 5% em ativos digitais. Um pequeno grupo (3%) alocou de 5% a 10% ou mais, semelhante ao ano passado.
O interesse em ativos digitais, segundo o material, está correlacionado com o tamanho do family office. Entidades maiores estavam mais dispostas a considerar ou investir nessa área do que as menores (39% vs. 25%). A preferência por exposição ao setor é via ETFs (fundos negociados em bolsa) e fundos privados.
Hannes Hofmann, head do Global Family Office Group do Citi Wealth, disse que esses são tempos emocionantes para family offices em todo o mundo. “Esses clientes sofisticados estão encontrando novas maneiras de atender às expectativas cada vez maiores de suas famílias”.