O segundo e último dia do I Simpósio Municipal de Educação, promovido pela Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia (Seduct), acontece nesta terça (29) no Teatro Trianon. Voltado ao tema “Saberes em Construção – Práticas e Diálogos Sobre Alfabetização, Avaliação e Recomposição da Aprendizagem”, o evento reúne especialistas, gestores e professores para debater métodos inovadores e fortalecer a formação docente a partir de cinco eixos centrais: avaliação, governança, infraestrutura, capacitação e compartilhamento de boas práticas.
A secretária Tânia Alberto abriu o dia ressaltando a importância de investir na qualificação dos profissionais da rede municipal. Ela enalteceu a contribuição de Cipriano Luckesi, importante figura da Educação e palestrante do dia anterior, e afirmou: “Nós temos o dever de ensinar e esse simpósio é mais um ponto de atenção com a formação de profissionais de educação. Não é fácil transformar vidas. A esperança nos move junto com a capacidade técnica, que nos permite fazer com que as crianças possam sonhar com um futuro melhor por meio da Educação”.
A neuropediatra Nathália Moriguti esteve à frente da primeira palestra da manhã, abordando o tema “O neurodesenvolvimento infantil – os estágios de desenvolvimento e sua relação ao desenvolvimento cognitivo ligados às funções executivas”. A especialista enfatizou a importância da neuroplasticidade nos primeiros estágios de vida e demonstrou que fatores como ambiente familiar, normas e nutrição podem atuar na formação das conexões cerebrais. Nathália recomendou evitar a exposição a telas antes dos dois anos e reforçou a necessidade de supervisão em idades posteriores, garantindo um equilíbrio entre estímulos digitais e atividades lúdicas.
Num segundo momento, Moriguti aprofundou o impacto de hábitos simples no progresso motor, na aquisição da linguagem, no refinamento dos sentidos e na maturação socioemocional. Ela destacou que uma alimentação balanceada, aliada a interações afetivas e à criação de rotinas claras, oferece a base para que as funções executivas – como atenção, memória de trabalho e autocontrole – se consolidem de forma saudável.
ADAPTAÇÃO DE ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS
Em seguida, o simpósio promoveu uma mesa-redonda sobre manejo comportamental e educacional em alunos com diferentes perfis de neurodesenvolvimento. Conduzida pela mediadora Shayane Ferreira, contou com as contribuições de Daniele Dias, Amanda Nascimento, Regina Lannes, Christiana Mitsi Laterça e a própria Nathália Moriguti. O debate girou em torno de como adaptar estratégias pedagógicas, psicológicas e educativas para respeitar as necessidades individuais de cada estudante, considerando suas especificidades neurológicas.
Durante a discussão, as especialistas apontaram abordagens como ensino diferenciado com materiais adaptados, metodologias ativas e aprendizagem multissensorial para favorecer alunos com autismo, TDAH ou outras demandas. Na esfera psicológica, reforçaram técnicas de regulação emocional e programas de habilidades sociais, essenciais para promover a autonomia e a interação em grupo.
A parte artística da manhã ficou por conta da apresentação “Quem sabe isso quer dizer amor”, com música de Lô Borges interpretada pelos alunos da Escola Francisco Faria Barbosa sob a direção da animadora cultural América Rocha. A encenação, que misturou canto e coreografia, ilustrou como a arte pode ser ferramenta de inclusão e expressão emocional na educação básica.
PROGRAMAÇÃO
À tarde, a programação retoma às 13h30 com a palestra “O tempo e as infâncias: entre o relógio e o ritmo do coração”, de Fabiana Buexm Nagib de Mattos, seguida por “Conectar para Ensinar: estratégias para uma Aprendizagem Ativa”, de Simone Mertz Ghizi, e “Presente A presença do professor na Era da Ausência”, apresentada por Wilson Heidenfelder. A mostra do percurso formativo encerra o ciclo às 16h15, permitindo a troca de experiências entre participantes.
O simpósio, organizado pela Efem e pela equipe municipal do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada (CNCA/MEC), conta com o apoio institucional do Sebrae, do Teatro Trianon, da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, da Brink Mobil e do Sicoob Fluminense. O encontro reafirma o compromisso de articular escola, família e sociedade em prol de uma alfabetização eficaz e da recomposição das aprendizagens.