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Redação do Site Inovação Tecnológica – 14/08/2025
No por que a vida aqui na Terra depende da gua que ela no possa depender de outros lquidos em outros mundos.
[Imagem: Gerado por IA]
Lquidos da vida
A gua essencial para a vida na Terra. Mas isso no serve, de modo de algum, de “prova” que o nosso precioso H2O seja o lquido da vida em outros mundos. Ainda assim, h dcadas a definio dos cientistas de habitabilidade em outros planetas tem-se baseado nessa suposio.
Agora, Rachana Agrawal e colegas do MIT, nos EUA, demonstraram experimentalmente que outras formas de vida – incluindo formas de vida como no conhecemos – podem se basear em outros lquidos essenciais, mais especificamente em uma classe muito interessante de substncias conhecidas como lquidos inicos.
Lquidos inicos so sais que existem na forma lquida abaixo de cerca de 100 graus Celsius. Os experimentos mostraram que uma mistura de cido sulfrico e alguns compostos orgnicos – substncias contendo carbono e nitrognio – reage de forma a produzir esses sais lquidos.
E, em planetas rochosos, o cido sulfrico pode ser um subproduto da atividade vulcnica, enquanto compostos contendo nitrognio j foram detectados em vrios asteroides e planetas em nosso Sistema Solar, indicando a possibilidade de que esses compostos possam estar presentes em outros sistemas planetrios.
“Ns consideramos a gua necessria para a vida porque ela que necessria para a vida na Terra. Mas, se analisarmos uma definio mais geral, vemos que precisamos de um lquido no qual o metabolismo da vida possa ocorrer,” comentou Agrawal. “Agora, se incluirmos o lquido inico como uma possibilidade, isso pode aumentar drasticamente a zona de habitabilidade de todos os mundos rochosos.”
Lquidos inicos formados pela reao de compostos orgnicos contendo nitrognio com cido sulfrico apresentam alta viscosidade e diferentes cores e texturas.
[Imagem: Rachana Agrawal]
Vida em lquidos inicos
Outra caracterstica importante dos lquidos inicos que eles tm uma presso de vapor extremamente baixa, o que significa que, alm de no evaporar, eles podem se formar e persistir em temperaturas mais altas e presses mais baixas do que a gua lquida.
Outros experimentos j haviam mostrado que um lquido inico pode ser um ambiente propcio para algumas biomolculas, como certas protenas, que conseguem permanecer estveis no fluido.
Os cientistas propem que, mesmo em planetas muito quentes ou com atmosferas de presso muito baixa para suportar gua lquida, ainda pode haver bolses de lquido inico. E, onde h lquido, pode haver potencial para vida, embora provavelmente no seja algo que se assemelhe aos seres aquticos da Terra.
Um lquido inico se formou na presena de glicina (p na amostra a) exposta ao cido sulfrico, sob calor e baixa presso – esquerda, amostra com glicina adicionada; direita, sem glicina. Aps 24 horas (c), o lquido permanece apenas no lado da glicina.
[Imagem: Rachana Agrawal]
Vida em Vnus
O trabalho da equipe com lquido inico surgiu de um esforo para buscar sinais de vida em Vnus, onde nuvens de cido sulfrico envolvem o planeta em uma nvoa txica para a vida terrestre. Apesar de sua toxicidade, as nuvens de Vnus podem conter sinais de outros tipos de vida, uma ideia que os cientistas planejam testar em futuras misses atmosfera do planeta.
Se uma futura misso coletar amostras das nuvens de Vnus, o cido sulfrico poderia ser evaporado, deixando para trs quaisquer compostos orgnicos residuais, que poderiam ento ser analisados em busca de sinais de vida.
Na Terra, os lquidos inicos so sintetizados principalmente para fins industriais. Eles no ocorrem naturalmente, exceto em um caso especfico, em que esse tipo de lquido gerado a partir da mistura de venenos produzidos por duas espcies rivais de formigas.
Bibliografia:
Artigo: Warm, Water-Depleted Rocky Exoplanets with Surface Ionic Liquids: A Proposed Class for Planetary Habitability
Autores: Rachana Agrawal, Sara Seager, Iaroslav Iakubivskyi, Weston P. Buchanan, Ana Glidden, Maxwell D. Seager, William Bains, Jingcheng Huang, Janusz J. Petkowski
Revista: Proceedings of the National Academy of Sciences
Vol.: 122 (33) e2425520122
DOI: 10.1073/pnas.2425520122
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