Adílson Pires (PT), ex-vice-prefeito do Rio e aliado histórico de Eduardo Paes (PSD), mal voltou ao governo e já vai sentar na janelinha, recebendo uma Secretaria de Habitação turbinada. Na boca de sair da pasta, o agora ex-secretário Diego Zeidan, também do PT e filho do prefeito de Maricá, Washington Quaquá, autorizou a abertura de uma série de licitações que, somadas, chegam a quase R$ 500 milhões.
Cabe recordar que, até pouco tempo, a Prefeitura do Rio estava desidratando a Habitação municipal. Só no primeiro semestre, os cortes no orçamento da pasta eram de 32% (R$ 104 milhões), conforme levantamento feito pelo gabinete do vereador Pedro Duarte (Novo).
Foi a deixa para Quaquá cobrar Paes.
“Nós não somos o partido da boquinha. Não precisamos disso. Somos um partido que veio para melhorar a vida das pessoas. Queremos colaborar com o projeto da cidade, mas precisamos ter condições e orçamento para isso. Se não tivermos, saímos do governo e continuaremos apoiando, mesmo sem cargos”, disse.
Licitações destravaram antes da chegada de Adilson Pires
A vida seguiu e, pouco antes de Adilson Pires entrar, parece que a coisa destravou. O gabinete de Duarte levantou que as licitações anunciadas na semana passada incluem: urbanização da Favela do Chacrinha, em Jacarepaguá (R$ 39,3 milhões), manutenção dos conjuntos residenciais do Minha Casa, Minha Vida (R$ 110,8 milhões) e manutenção de infraestrutura em favelas urbanizadas (R$ 328,5 milhões).
Além dessas, foi aprovado também um processo específico para urbanização e obras de infraestrutura na Nova Brasília, no Complexo do Alemão, estimado em R$ 21,7 milhões
Segundo Duarte, os processos ainda estão fechados no sistema, o que impede identificar em quais conjuntos e favelas específicas ocorrerão as intervenções. A exceção é a licitação para manutenção de infraestrutura em favelas, que deve abranger todas as Áreas de Planejamento (APs) da cidade.
“Com as novas licitações, a secretaria não apenas é turbinada financeiramente, como passa a assumir atribuições que tradicionalmente pertencem à Secretaria Municipal de Infraestrutura, ao ficar responsável por serviços de manutenção em favelas urbanizadas. A medida reforça o papel da Habitação dentro da prefeitura e amplia sua influência política às vésperas de 2026, em linha com o discurso de Quaquá sobre a necessidade de mais espaço para o PT na gestão municipal”, explicou o vereador.
Duarte, que é presidente da Comissão de Assuntos Urbanos da Câmara, também criticou a forma como a prefeitura lida com os recursos da pasta:
“Estamos fiscalizando essa secretaria em especial porque ela abriga aliados petistas do prefeito, em meio a uma cobrança pública entre eles por apoio em troca de mais recursos. Os critérios sempre precisam ser técnicos e não visando alianças em 2026. É preciso que a prefeitura explique, por exemplo, por que as obras de infraestrutura em favelas da cidade, normalmente uma atribuição da Secretaria de Infraestrutura, estão caindo no colo da Habitação“, concluiu Pedro Duarte.

