2hPaulo Cobos, blogueiro do ESPN.com.br
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Paulo Cobos, blogueiro do ESPN.com.br
5 de ago, 2025, 08:59
Abel Ferreira criou nova polêmica no Palmeiras.
Virou até notícia em Portugal o final abrupto da sua entrevista coletiva após o empate do seu Palmeiras com o Vitória, em Salvador.
O treinador alviverde não é o único na sua profissão com um histórico recheado de polêmicas em suas conversas com a imprensa após os jogos.
É evidente que é importante ouvir o treinador de futebol. Eles são os estrategistas e líderes das equipes.
Mas é ainda mais claro que eles falam demais hoje comparando com quem deveriam ser os reais protagonistas do futebol e até em relação a presidentes de clubes e CEOs, que quase sempre só aparecem nos bons momentos.
No Brasil, o técnico sempre fala depois dos jogos.
Se um time faz 70 jogos por ano, e cada entrevista durar 15 minutos, serão 17,5 horas apenas em coletivas.
Mas agora, por contrato com quem compra os direitos de transmissão, são obrigados a falarem antes dos jogos quando chegam aos estádios (nesse caso em declarações curtas).
Enquanto isso, torcedores e jornalistas ficam cada vez mais privados de ouvirem jogadores.
Na maioria dos clubes, geralmente agora só falam de três a quatro jogadores após as partidas, e escolhidos a dedo pelas assessorias.
Em competições da Fifa e da Conmebol, o craque do jogo até é levado para sala de coletiva, mas só pode responder três perguntas, enquanto os treinadores falam por longos minutos
Com raras exceções, como no caso da dupla Gre-Nal, os presidentes dos clubes pouco aparecem para falar e prestar contas de seus trabalhos no clube, assim como CEOs muito bem remunerados, que falam via de regra apenas nos momentos bons.
Treinadores falam demais por que ganharam no futebol um protagonismo insano.
Vitórias ou derrotas muitas vezes são atribuídas exclusivamente ao que eles fazem.
Dividir os microfones com os reais protagonistas do futebol é um bom caminho para evitar situações desagradáveis como a de Abel Ferreira em Salvador.