Neste sábado (6) é celebrado o Dia do Alfaiate, homenagem a uma das profissões mais tradicionais da moda — e cada vez mais rara, diante da popularização das roupas prontas.
No Centro do Rio, o ofício ganha rosto com a trajetória de Antônio Nguidi, imigrante angolano que há mais de 30 anos vive da costura sob medida — e que já vestiu parte da essência carioca.
“O ofício da alfaiataria é quase um idioma. Quem aprende a falar, nunca esquece”, resume o alfaiate, que já cortou ternos e camisas para clientes em algumas das casas mais famosas da cidade.
Antônio começou no ofício ainda adolescente, em Angola, ao lado de um primo que tinha uma pequena alfaiataria. Veio para o Brasil nos anos 1990, inicialmente para trabalhar com comércio, mas acabou consolidando sua vida profissional na costura. Passou por ateliês da Rua da Quitanda, pela alfaiataria de Francesco, conhecida pelos fardões da Academia Brasileira de Letras, até chegar ao auge na Casa Alberto, grife que marcou gerações na Avenida Nilo Peçanha.
Na época, lembra, a Casa Alberto tinha mais de 180 metros quadrados, setores divididos para alfaiates, camiseiros e calceiros, além de pilhas de tecidos que vestiram executivos e artistas famosos, de Jô Soares a Silvio Santos, passando por ele, Zagallo.

“Era glamour total. Todo homem queria vestir sob medida”, recorda.
Hoje, Antônio segue costurando no mesmo endereço histórico, agora na Sarto Cavalieri, ao lado do consultor de estilo Leandro Popuski. A dupla mantém vivo o ritual que desafia a pressa da moda rápida: fita métrica no corpo, risco no papel, corte do tecido e prova no espelho.
“A maior alegria é ver o cliente satisfeito, sorrindo diante do espelho com uma roupa feita para ele”, diz o alfaiate.
Alfaiate, uma profissão em risco de extinção
Segundo especialistas, o número de alfaiates no Brasil diminuiu drasticamente nas últimas décadas, sem renovação de aprendizes. A data de 6 de setembro, reconhecida em diferentes estados, se torna assim um momento de reflexão sobre a preservação de um ofício que resiste em oficinas discretas, mas segue carregado de identidade e precisão.