Morango, brigadeiro branco e uma camada de caramelo: essa é a releitura da clássica maçã do amor que virou febre nas redes sociais. Além de conquistar o paladar de quem busca novos sabores, o chamado morango do amor também tem adoçado os lucros de muitos empreendedores no Rio, que enxergaram na receita uma oportunidade real de crescimento em suas confeitarias.
Esse foi o caso de Érica Maia, proprietária da Quitutes Maia, no Andaraí, Zona Norte da cidade. Há seis anos no ramo da confeitaria, ela conta que não demorou para que o hype em torno do morango do amor se transformasse em pedidos constantes dos clientes. E, claro, aproveitou a onda.
“A decisão de começar a produzir os morangos do amor surgiu ao observar a repercussão nas redes sociais e o destaque que o produto vinha ganhando entre outras confeiteiras. Além disso, alguns clientes já estavam me procurando por conta disso. Vi aí uma excelente oportunidade de inovar no cardápio e atender à demanda”, explica Érica.
Aceitação do público ao morango do amor
O resultado veio rápido: as vendas aumentaram. A confeiteira afirma que o crescimento foi significativo e que a aceitação do público foi excelente, tornando o doce um dos “queridinhos do cardápio”. Ela define a aposta como um certeira, tanto pela novidade quanto pelo visual chamativo e o sabor, que conquista de vez.
Para Érica, acompanhar tendências faz toda a diferença para quem quer empreender. Ela diz nunca ter visto, em seis anos de atuação, um hype tão forte quanto o que envolve o morango do amor.
‘Transformar tendência em oportunidade’
“É justamente nessas novidades que surgem as maiores oportunidades de atrair novos clientes e se destacar no mercado. A internet virou uma vitrine poderosa para nós, confeiteiras. Esse boom está ajudando muitas famílias: seja para pagar contas, comprar utensílios que antes pareciam inacessíveis ou até mesmo acreditar que é possível viver da confeitaria. Dá, sim, para transformar tendência em oportunidade”, conclui.
Morango do amor também chegou à Vila da Penha
Também na Zona Norte, no bairro da Vila da Penha, outra confeiteira vem colhendo frutos com o sucesso do doce. A Doce Rotter, da empreendedora Yasmin Rotter, está há dois anos na ativa e, agora, aproveita a alta demanda para ampliar o cardápio.
“As vendas estão muito boas. A procura é tão grande que não estou conseguindo atender todos os pedidos. E o melhor: estou conseguindo vender outros doces junto com os morangos. O morango do amor trouxe visibilidade e reconhecimento. Foi uma bênção para todas as confeiteiras que entraram nessa tendência”, afirma Yasmin.
Pioneira na venda do morango do amor em Jacarepaguá
Na Zona Oeste, Juliana Moreth, da Van Cake, foi uma das pioneiras a levar o produto para Jacarepaguá — e isso muito antes da explosão nas redes. Ela, que atua há cinco anos no setor, conta que começou a vender o doce no início de junho e que os resultados surpreenderam.
“O auge começou há duas semanas. Foi o momento de maior audiência e sucesso: 300 morangos do amor esgotaram em apenas 45 minutos. Em cinco anos na confeitaria, nunca vi isso acontecer com nenhum produto”, destaca Juliana.
‘A procura aumentou muito’
Ela ressalta a importância de tendências como essa para as empreendedoras do Rio. Segundo Juliana, “quem surfou na onda e soube precificar bem, está lucrando muito”.
“É um doce complexo. Não é fácil de fazer: são várias etapas, e a mais difícil é a calda. Por ser um preparo trabalhoso, não há tantas confeiteiras especializadas em caramelo. A procura aumentou muito, e a oferta, nem tanto. Quem conseguiu atender à demanda, teve um lucro a mais neste mês”, conclui.
Impacto do morango do amor no comércio do Rio
O impacto no comércio já é perceptível. Segundo pesquisa da Associação de Supermercados do Rio (Asserj), os supermercados do estado registraram aumento de até 170% nas vendas de morango in natura, além de um crescimento de 42% na procura por corantes alimentícios — especialmente o vermelho —, em comparação com o mesmo período do ano passado.
Na capital, uma bandeja com quatro morangos, que antes custava entre R$ 18 e R$ 20, agora é vendida a R$ 40 no atacado. A alta nos preços também chegou aos mercados e feiras livres.
Sebrae Rio analisa a febre do morango do amor
A tendência no setor já vem sendo acompanhada pelo Sebrae Rio, entidade dedicada a fortalecer o empreendedorismo no estado. Segundo Juliana Sant’Ana, gestora de projetos de alimentação fora do lar, o movimento tem sido positivo para o setor, ampliando a base de empreendedores, promovendo inclusão e valorizando a economia criativa.
“A gente tem analisado esse cenário de forma ampla e, com certeza, percebe o aumento da procura e da renda para os empreendedores — não só os que já trabalhavam com confeitaria, mas também pessoas que começaram agora, pela facilidade da produção e pelo baixo custo. É algo muito atrativo e que está todo mundo procurando”, afirma Juliana.
Tendências fortalecem o empreendedorismo
De acordo com a gestora do Sebrae Rio, tendências como o morango do amor têm grande importância para o fortalecimento do empreendedorismo no estado, especialmente para quem deseja se tornar Microempreendedor Individual (MEI).
“Esses produtos funcionam como uma porta de entrada acessível para quem quer iniciar um negócio, com baixo investimento, retorno rápido e grande apelo comercial. Em um cenário em que muitas pessoas empreendem por necessidade, iniciativas como essa oferecem uma oportunidade concreta de geração de renda imediata”, analisa.
‘É muito mais do que um modismo passageiro’
Para Juliana, esse tipo de tendência também estimula a criatividade, a personalização e o uso das redes sociais como vitrine, o que reforça a cultura empreendedora. Ela ressalta que, a partir de produtos simples, muitos negócios evoluem para MEIs formalizados, que passam a ter acesso a capacitações, linhas de crédito e outros direitos da categoria.
“Então, essa tendência é muito mais do que um modismo passageiro: é uma oportunidade real para quem quer empreender”, conclui a gestora.