Em meio ao pior momento da relação com os Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarca neste domingo para sua terceira participação na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) no atual mandato. O evento é tratado como uma das prioridades do presidente em sua agenda internacional.
Nas três passagens anteriores como chefe do Executivo, Lula compareceu a todas as Assembleias, com exceção da de 2010. Na ocasião, ele mandou o então chanceler Celso Amorim no seu lugar, pois estava focado na campanha presidente para eleger Dilma Rousseff.
A reunião será um momento chave para avançar nas negociações da COP30, que pela primeira vez ocorrerá no Brasil na capital Belém (Pará), na região amazônica, em novembro.
FERRAMENTA GRATUITA
Simulador da XP
Saiba em 1 minuto quanto seu dinheiro pode render
A ONU sediará a Cúpula do Clima, quando os países devem anunciar as suas propostas de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e adaptação às mudanças climáticas, as chamadas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas). Tradicionalmente, o representante do Brasil faz o discurso de abertura da Assembleia – o que Lula fez em 2023 e 2024.
O presidente chegará a Nova Yorkno pior momento da relação entre Estados Unidos e Brasil. O governo do presidente Donald Trump impôs tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros como represália ao inquérito que levou à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.
Além da sanção econômica, as autoridades americanas cassaram o visto de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e aplicaram Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes. A punição prevê o bloqueio de contas e transações de Moraes com entidades sujeitas à lei americana.
Continua depois da publicidade
Em artigo publicado no “New York Times” na semana passada, Lula enviou uma mensagem a Trump de que o Brasil “continua aberto a negociar qualquer coisa que possa trazer benefícios mútuos”. Mas ponderou que a “democracia e a soberania do Brasil não estão em pauta”.
No mesmo texto, o presidente também rebateu as alegações do governo americano de que a condenação de Bolsonaro consistia em uma “caça às bruxas” e saiu em defesa do Supremo.
O petista afirmou ter orgulho da “decisão histórica” do Supremo Tribunal Federal (STF), que, segundo ele, “salvaguarda nossas instituições e o Estado Democrático de Direito”.
Continua depois da publicidade
Bolsonaro e outros sete réus apontados como integrantes do núcleo crucial da trama golpista foram condenados esta semana pela Primeira Turma do STF. Após a sentença, Washington prometeu “resposta adequada” ao que considerou ser uma “caça às bruxas” contra a oposição.