O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está decidido a buscar soluções para a crise no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a começar por escolher ele próprio o próximo presidente do órgão, abalado pelas investigações sobre desvios indevidos de pagamentos destinados a aposentados e pensionistas.
Integrantes do Palácio do Planalto tratam a situação como uma “intervenção velada” no INSS não só para conter os danos políticos ao governo, mas para blindar o órgão desse tipo de fraude e de outros eventuais ralos nos pagamentos.
Lula, dizem fontes, tem pressa para fazer a indicação e pode optar por um nome de fora dos quadros do instituto, se necessário.
Nesse sentido, a situação do ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), ao qual é vinculado o órgão, é tratada como uma questão política. O partido saiu em defesa do titular da pasta e, como disse à CNN o líder da bancada na Câmara, Mario Heringer (MG), uma eventual demissão teria como consequência a saída do próprio PDT da base do governo.
Por ora, Lula está disposto a manter Lupi no cargo, dado que o ministro não é alvo da investigação nem há nenhuma ligação direta entre ele e as associações investigadas – o presidente segue a postura de presunção de inocência, e uma medida precipitada contra o aliado soaria incoerente.
As investigações da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU), que vieram à tona após operação na semana passada, apontam para prejuízos de mais de R$ 6 bilhões em descontos de aposentadorias e pensões sem autorização dos beneficiários.
O governo está decidido a ressarcir o prejuízo desses aposentados e pensionistas.
Para isso, está a cargo da Advocacia-Geral da União (AGU) buscar uma solução legislativa e jurídica.
Não há definição se os recursos sairiam do próprio caixa da Previdência ou se outra fonte de recursos seria necessária. Isso só será decidido após se ter valores mais precisos do tamanho do prejuízo sofrido por milhões de beneficiários do INSS.