A inflação vem arrefecendo, mas de forma mais tímida em uma das bebidas favoritas do brasileiro. A inflação da cerveja no Brasil subiu 0,6% entre 15 de agosto e 15 de setembro, acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), que registrou 0,48% no período, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na comparação anual, a alta da cerveja foi de 5,6%, superando o IPCA-15 de 5,3% no acumulado do período. Ou seja, tanto no mês quanto no ano, a cerveja ficou mais cara que a cesta de produtos considerada pelo IPCA-15.
Mas para além do consumidor de cerveja, o que essa informação significa para quem investe nesse setor?
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Para os analistas do Bradesco BBI, os números mostram que o setor de cervejas conseguiu sustentar aumentos de preços com promoções controladas. A leitura ocorre depois dos reajustes da Ambev (ABEV3) no fim do primeiro trimestre e do aumento aplicado pela Heineken em julho.
Do lado do consumo, a leitura dos estrategistas é menos animadora. Os volumes continuam em queda, afetados por um ambiente de demanda mais fraco. Dados de produção mostraram recuo de 15% em julho em relação ao mesmo mês do ano passado. A própria gestão da Heineken, diz o BBI, apontou que a fraqueza vista no segundo trimestre continuou ao longo do segundo semestre.
O Bradesco BBI afirma ainda que o setor parece enfrentar uma troca direta entre preços mais altos e volumes menores, o que levanta dúvidas sobre a capacidade de manter o atual equilíbrio, especialmente com a aproximação do verão, período de maior consumo. Uma competição mais intensa entre as marcas não está descartada.
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No caso da Ambev, a recomendação do banco segue neutra, com preço-alvo de R$ 13 por ação. Os analistas acreditam que a companhia deve recuperar parte da participação de mercado de forma gradual, mas ainda enfrentará pressões no terceiro trimestre.
A estimativa atual é de queda de 3% nos volumes de cerveja no Brasil, com viés de baixa diante da inflação de custos.
Segundo os cálculos do Bradesco BBI, as ações da Ambev são negociadas a 12,8 vezes o preço sobre lucro projetado para 2026, em linha com empresas globais do setor e com desconto de 12% em relação à AB InBev.