Desde seu retorno ao poder, Donald Trump intensificou a guerra comercial ao impor tarifas sobre uma ampla gama de produtos importados. O objetivo declarado é múltiplo: elevar a arrecadação federal, reduzir déficits comerciais e forçar empresas a produzir mais dentro dos Estados Unidos. Mas, na prática, o impacto recai sobre importadores, indústrias locais e consumidores, segundo reportagem do The New York Times.
As tarifas funcionam como sobretaxas aplicadas sobre bens estrangeiros. Quem paga inicialmente são as empresas que importam esses produtos, repassando o valor ao Departamento do Tesouro americano.
Só nos primeiros 11 meses do atual ano fiscal norte-americano, que termina em setembro, o governo arrecadou US$ 165 bilhões com taxas alfandegárias, mais que o dobro do registrado no mesmo período do ano anterior.
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O efeito, no entanto, não se encerra na arrecadação. Grandes importadores, como o Walmart, enfrentam decisões difíceis. Ao comprar US$ 100 em sapatos do Vietnã, sujeito a tarifa de 20%, a varejista precisa desembolsar US$ 20 extras em impostos.
Esse custo pode ser negociado com fornecedores, absorvido pela própria margem de lucro ou repassado integralmente ao consumidor final. Geralmente, a solução envolve uma combinação das três opções.
Para Trump, a lógica é que tarifas pesadas desincentivem a produção no exterior e estimulem fábricas a se instalarem em território americano, criando empregos e elevando salários. Além disso, o presidente enxerga na medida uma arma de negociação com outros países e uma forma de turbinar a arrecadação interna para financiar cortes de impostos.
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Economistas ouvidos pelo jornal, no entanto, apontam contradições. As mesmas tarifas que poderiam impulsionar a indústria doméstica também encarecem insumos e desorganizam cadeias globais de fornecimento, dificultando a vida de fabricantes americanos.
O resultado é uma equação complexa: aumento de receita para o Tesouro, mas também inflação de custos, tensões diplomáticas e incertezas para empresas e consumidores.