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Mariana Becker, com redação do ESPN.com.br
28 de jun, 2025, 03:00
O Athletico-PR, enfim, parece ter entrado nos eixos depois de um início ruim na Série B do Brasileirão. A troca na comissão técnica não foi o único motivo para essa recuperação, como apontou o meia-atacante Giuliano, um dos líderes do vestiário rubro-negro.
Embalado por duas vitórias seguidas e de olho no G-4 da Série B, o Furacão faz o clássico contra o Coritiba neste sábado (28), às 18h30 (de Brasília), na Arena da Baixada, com transmissão ao vivo no Disney+.
Em entrevista exclusiva à ESPN, Giuliano lembrou que o Athletico-PR passou por um processo de reformulação depois do rebaixamento inédito à Série B no ano passado. O meia-atacante também destacou a troca na comissão técnica – Odair Hellmann substituiu Maurício Barbieri há um mês.
“É um time novo, foram muitas contratações. Quando você forma uma equipe nova precisa de tempo, de adaptação, encaixar a equipe. A gente teve mudança técnica e isso faz bastante diferença. Eu vejo agora que a gente entendeu o que é a Série B, a dificuldade que vamos encontrar”, disse Giuliano.
“A diferença que vejo com o Odair é que temos uma equipe mais compacta. Com o Barbieri era uma equipe mais agressiva do meio para frente, mas que tinha muita dificuldade na transição. A gente estava sofrendo nos jogos. O Odair tem uma escola diferente de ver o futebol, ele monta uma equipe mais compacta, com posse de bola. E a equipe está se sentindo bem”, completou.
A situação do Athletico-PR não é novidade para Giuliano, que no ano passado passou por algo semelhante no Santos. O Peixe iniciou a Série B como grande favorito, mas oscilou durante o campeonato e contou com uma arrancada na reta final para subir e, de quebra, ficar com o título.
A resiliência, inclusive, faz parte da carreira de Giuliano. Revelado no Paraná, se transferiu para o Internacional e, na sua terceira temporada como profissional, foi eleito o melhor da CONMEBOL Libertadores de 2010. As atuações chamaram a atenção do Dnipro. Na Ucrânia, sofreu com adaptação e se viu em meio a uma guerra.
“Muita gente me pergunta: você poderia ter ido para a Europa, para um grande clube. Poderia, mas também poderia ficar no Inter e não jogar, me machucar. Pensei na questão financeira, precisava buscar essa independência financeira, tenho uma família que precisava buscar essa independência. Não me arrependo da decisão, porque eu cresci muito, amadureci muito. A adaptação foi extremamente difícil no início, menos 25 graus, idioma, comida, cultura… Mas aos poucos a gente vai se adaptando. Foi uma experiência fantástica”, afirmou.
“Na época, a Rússia estava pedindo a Krimeia de volta, o cônsul do Brasil me ligou e disse que a qualquer momento poderia me colocar no avião para ir embora. A gente vê as notícias que a Ucrânia estava cercada e a qualquer momento poderia estourar uma guerra. Usei isso na negociação, não queria estar naquele ambiente, não estava me sentindo seguro e entramos em um acordo com a equipe, eles concordaram em me vender e aí fui para o Grêmio”, relatou.
Mas na Ucrânia não foi o único lugar que Giuliano passou por apuros. Depois de defender Grêmio, Zenit e Fenerbahçe, o meia foi para o Al Nassr e chegou a ficar preso na Arábia Saudita após entrar em conflito com o atual time de Cristiano Ronaldo.
“Foi uma experiência difícil também. Foi um lugar que financeiramente para mim foi maravilhoso, mas teve um preço alto. Quando a sua liberdade está em jogo, não tem preço. Tive uma situação com o Al Nassr que eles me seguraram por 12 dias lá, com minha família lá”, lembrou.
“Lá você tem o visto de trabalho e só pode sair se o clube liberar. Eu estava em uma situação de conflito, porque eles não estavam fazendo o pagamento, queriam me forçar a ir pro Al Nasr Dubai, que era outra equipe deles e eu não queria ir. Tinha mais um ano de contrato então eles me seguraram “olha você não vai sair do país enquanto não se resolver com o clube”. Ficamos mandando e-mail, falei na embaixada, usei todas as ferramentas para resolver o assunto”, continuou Giuliano.
“Depois de 12 dias eu sou liberado, foi no início da pandemia, eu espero mais 3,4 dias e entro com ação na FIFA e consigo rescindir o contrato. Foi um lugar que me trouxe muita experiência, mas ao mesmo tempo me trouxe uma frustração muito grande, porque eu perdi o senso de liberdade. E isso não tem preço”, destacou.
Hoje aos 35 anos, o meia já vem se preparando para o pós-carreira, mas ainda não estipulou uma data. A única certeza é que não veremos Giuliano na beira do gramado.
“Eu estou em transição de carreira desde os 31 anos. Desde que eu voltei para o Brasil, para o Corinthians, eu já estava me preparando para esse momento. Sabia que ia chegar e não queria chegar despreparado. Uma coisa que eu prezo é o direito de escolha, eu poder escolher o momento de parar. Não sei te dizer quanto tempo mais eu tenho, mas sei que está muito próximo do fim”, comentou o meia.
“Treinador não, misericórdia. Eu comecei a jogar futebol com 8 (?) anos de idade no Paraná, com 16 me torno profissional. Eu já estou pra fazer 35. Já são muitos anos vivendo isso, concentrando, sem final de semana, sem tempo pra família, abrindo mão de muitas coisas. Já paguei um alto preço, aí você vira treinador e tem que voltar pra essa loucura de novo. Eu me vejo no futebol, mas não dessa forma. Talvez em uma questão de assessoria para os atletas, tenho algumas coisas em andamento”, encerrou.
Onde assistir ao Athletiba?
O clássico entre Athletico-PR e Coritiba deste sábado (28), pela 14ª rodada da Série B do Brasileirão, será transmitido ao vivo no Disney+ a partir das 18h30 (de Brasília).