A 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas começa nesta segunda-feira (22) em Nova Iorque sob o peso de crises simultâneas: a guerra na Ucrânia, a violação do espaço aéreo da Estônia e, sobretudo, o impasse no Oriente Médio.
O primeiro dia já foi marcado por um gesto de grande impacto político: a França anunciou que fará o reconhecimento oficial do Estado da Palestina, numa decisão que confronta diretamente a posição de Israel e dos Estados Unidos.
O movimento francês ocorre em conjunto com Arábia Saudita, Bélgica, Luxemburgo, Malta, Andorra e San Marino. Somados a países que formalizaram apoio no domingo, como Reino Unido, Portugal, Canadá e Austrália, já são mais de 145 dos 193 membros da ONU a reconhecerem a Palestina como Estado.
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A Argélia, primeira a tomar essa decisão em 1988, abriu caminho para a adesão de países africanos, parte do Leste Europeu e da Rússia.
Resistência e represálias
Israel e EUA mantêm firme oposição ao reconhecimento, e Berlim e Roma também descartam a iniciativa no curto prazo. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu reafirmou que “nunca haverá um Estado palestino” e ameaçou ampliar a colonização da Cisjordânia em resposta.
Washington indicou que poderá adotar medidas de retaliação diplomática contra Paris e outros governos europeus que aderirem ao movimento.
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Para o secretário-geral da ONU, António Guterres, o risco de retaliação não deve travar a decisão. Ele classificou a política israelense como uma “anexação insidiosa” e lembrou que especialistas das Nações Unidas acusaram o governo Netanyahu de “genocídio” em Gaza, onde mais de 65 mil palestinos, em sua maioria civis, morreram desde o início da guerra em outubro de 2023.
Abbas fala por vídeo
Impedido de viajar a Nova Iorque após não receber visto, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, discursará por videoconferência. Em comunicado, chamou os reconhecimentos de “um passo essencial para uma paz justa e duradoura”.
A expectativa agora se volta para a terça-feira, quando o presidente americano, Donald Trump, subirá à tribuna. Já Netanyahu deve falar na sexta-feira, num discurso aguardado pela promessa de defender a estratégia militar israelense quase dois anos após o ataque do Hamas, que deixou mais de 1,2 mil mortos em Israel.