Gestores de fundos de crédito destacaram o avanço dos FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) como alternativa sólida e eficiente para investidores, em um cenário de maior dispersão no mercado. A visão é de que essa classe ainda oferece risco-retorno interessante, mesmo diante da compressão dos spreads e das dificuldades de liquidez enfrentadas por outros veículos.
Segundo Luiz Eduardo Portella, sócio-fundador da Novus Capital, a gestora tem ampliado de forma cautelosa a exposição em FIDCs, aproveitando o histórico consolidado nessa classe.
“A gente basicamente operou sete anos só com FIDC e três anos no fundo de crédito High Grade. É uma classe que entendemos bem a complexidade, gostamos bastante e consideramos segura, com um risco-retorno atrativo”
A avaliação foi feita durante participação no podcast Stock Pickers, apresentado por Lucas Collazo. O episódio contou ainda com Rafael Gama, sócio da Grifo Asset, que também discutiu as oportunidades no crédito privado.
Portella destacou que os prazos mais longos ainda limitam o acesso de parte do mercado, mas reforçou que o movimento de investidores institucionais tem sustentado forte entrada de recursos.
“Nem todo mundo tem disposição de alocar em D90, D180, mas ainda assim é uma classe pouco explorada e com prêmio interessante”, explicou.
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Fundos como veículos mais eficientes
O sócio da Novus também apontou a eficiência dos fundos para acesso ao mercado de crédito, especialmente quando comparado ao investimento direto.
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“É ineficiente para a pessoa física ficar ‘traydando’ crédito ou cota, porque sempre que comprar ou vender uma debênture paga imposto se tiver lucro. Já o fundo é eficiente do ponto de vista tributário, de custos transacionais e de oportunidade”, afirmou.
Além disso, Portella ressaltou o peso da estrutura de análise na estratégia. “Você conta com quase 10 pessoas na equipe de crédito e mais 20 na macro monitorando a carteira dia e noite, para ‘surfar’ melhor os ciclos do crédito”, disse.
Para ele, esse acompanhamento profissional faz diferença na capacidade de identificar oportunidades e evitar riscos.
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Cautela no crédito e cenário macro
Os gestores reforçam que, mesmo após uma fase de forte emissão e captação no crédito privado, ainda existem oportunidades diante da dispersão dos ativos. Portella frisou a necessidade de cautela, com maior carga de caixa e gestão ativa, mas sem abandonar a classe.
“Ficar exposto de peito aberto é difícil, mas ainda assim sempre faz sentido confiar no poder do mercado”
No debate, houve também menção ao ambiente internacional. A expectativa de cortes de juros nos Estados Unidos, somada a estímulos fiscais, pode gerar um movimento inflacionário mais à frente, mas ao mesmo tempo abre espaço para que o Brasil se beneficie de forma indireta, especialmente em ativos locais como bolsa, câmbio e NTN-B.