
A relação entre exercícios físicos e equilíbrio hormonal é cada vez mais estudada e compreendida. O movimento do corpo não atua apenas sobre músculos, coração e metabolismo, mas também influencia profundamente a produção e o comportamento de hormônios como estrogênio, progesterona, insulina e cortisol.
Saber como diferentes tipos de atividades físicas interagem com o corpo feminino e como ajustá-las ao longo do ciclo menstrual pode trazer benefícios significativos para a saúde, o bem-estar e até o equilíbrio emocional.
A influência do exercício nos principais hormônios
Estrogênio e progesterona são os hormônios sexuais predominantes no corpo feminino e variam naturalmente ao longo do ciclo menstrual. Eles não apenas regulam a fertilidade e o humor, mas também impactam a sensibilidade à insulina, a retenção de líquidos e o metabolismo energético.
Insulina regula os níveis de glicose no sangue e é diretamente influenciada pelo tipo, intensidade e frequência do exercício. Um treino bem planejado melhora a sensibilidade à insulina, o que é fundamental para evitar resistência insulínica e doenças metabólicas.
Cortisol, conhecido como o hormônio do estresse, também é sensível ao tipo e volume de exercício. Atividades excessivamente intensas ou prolongadas podem elevá-lo em demasia, o que afeta negativamente o equilíbrio hormonal e o sistema imunológico.
Como diferentes tipos de exercícios influenciam os hormônios
Yoga
A prática regular de yoga é uma das mais eficazes para reduzir os níveis de cortisol. Posturas que estimulam o relaxamento profundo e a respiração consciente ajudam a acalmar o sistema nervoso e promovem um estado de equilíbrio hormonal. Yoga também pode auxiliar no alívio de sintomas de TPM e cólicas, além de favorecer um sono mais reparador, fundamental para a regulação de todos os hormônios.
HIIT (Treino Intervalado de Alta Intensidade)
O HIIT é eficiente para melhorar a sensibilidade à insulina e aumentar o metabolismo basal. No entanto, por ser um estímulo muito intenso, quando praticado em excesso pode elevar de forma significativa o cortisol, especialmente em mulheres em fases de baixa progesterona. O ideal é equilibrar sessões de HIIT com dias de descanso ativo ou atividades mais suaves.
Pilates
Pilates, com seu foco em controle corporal e respiração, contribui para a modulação do sistema nervoso parassimpático, ajudando a reduzir o cortisol. Ao mesmo tempo, fortalece a musculatura estabilizadora e melhora a postura, fatores que colaboram para o bom funcionamento hormonal. A prática de pilates é especialmente recomendada nas fases do ciclo em que o corpo pede mais equilíbrio e estabilidade, como a fase lútea.
Ajustando os treinos para cada fase do ciclo menstrual
Fase menstrual (dias 1 a 5)
Durante o período menstrual, o corpo tende a ter níveis mais baixos de estrogênio e progesterona. É um momento em que muitas mulheres sentem cansaço, cólicas e menor disposição. Aqui, atividades suaves como yoga restaurativa, caminhadas leves ou alongamentos são mais recomendadas. Evitar treinos de alta intensidade pode ajudar a minimizar o estresse sobre o organismo.
Fase folicular (dias 6 a 14)
Com a elevação do estrogênio, ocorre um aumento natural na disposição e na capacidade de recuperação muscular. É o período ideal para treinos mais vigorosos, como HIIT, musculação e atividades de resistência. Aproveitar essa fase para ganhos de força e performance costuma trazer ótimos resultados.
Ovulação (cerca de dia 14)
O pico de estrogênio e a ligeira elevação de testosterona tornam este um bom momento para desafiar o corpo com exercícios mais intensos. Ainda assim, deve-se atentar a sinais de cansaço e não exagerar, pois o risco de lesão pode ser um pouco maior.
Fase lútea (dias 15 a 28)
Com o aumento da progesterona, muitas mulheres percebem um aumento da temperatura corporal e uma leve queda de energia. Neste período, práticas como pilates, yoga, natação e exercícios moderados são mais indicadas. A adaptação da intensidade ajuda a manter o equilíbrio hormonal e a prevenir o aumento excessivo de cortisol, que poderia agravar sintomas de TPM.
O que considerar na prática diária
Conhecer as respostas hormonais do seu corpo e ajustar os exercícios de forma cíclica contribui não só para o equilíbrio hormonal, mas também para uma maior adesão aos treinos e para uma rotina sustentável. Além disso:
- O descanso adequado é crucial para a recuperação hormonal
- O excesso de treino de alta intensidade, sem contrabalançar com atividades restaurativas, pode comprometer o ciclo menstrual
- O acompanhamento profissional ajuda a criar um programa personalizado que respeite as fases do ciclo
Em resumo, cada tipo de exercício oferece um impacto diferente no sistema hormonal. Ao entender essas influências e aplicar pequenas adaptações ao longo do mês, é possível não só otimizar os resultados, mas também promover uma relação mais harmoniosa entre corpo e mente.
Tiago da Silva Candido
Colunista de portais como Correio Braziliense, Tonafama, F5 online e Imprensa e Midia e mais 1500 sites.