Qual foi o saldo da Super 4ª – com as decisões de políticas de juros no Brasil e nos EUA – para os mercados e o que esperar para a sessão de quinta-feira (18)?
Ainda na tarde de quarta-feira (17), antes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil, o Ibovespa já tinha renovado máximas históricas, na esteira da decisão do Federal Reserve, o Banco Central dos EUA.
O Ibovespa fechou em alta, renovando máximas históricas e testando o patamar dos 146 mil pontos pela primeira vez, após o banco central dos Estados Unidos confirmar expectativas e cortar os juros da maior economia do mundo em 0,25 ponto, bem como sinalizar mais reduções neste ano. Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,06%, a 145.593,63 pontos.
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Os juros futuros, por sua vez, tiveram uma sessão de forte volatilidade. “O Fed entregou um corte de juros, mas, em um segundo momento, o mercado vê um cenário mais desafiador do que se imaginava”, disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe da EPS Investimentos, referindo-se às projeções trimestrais também divulgadas nesta quarta-feira pela autoridade monetária dos EUA.
Já à noite, foi conhecida a decisão de juros do Banco Central do Brasil, que manteve a taxa Selic em 15% ao ano, em decisão unânime de sua diretoria, e destacou que o ambiente incerto demanda cautela e que seguirá avaliando se manter os juros nesse patamar por período bastante prolongado será suficiente para levar a inflação à meta.
Na avaliação de Leonardo Costa, economista do ASA, a alteração do trecho leva a uma “linguagem mais clara de manutenção do juro em patamar elevado por tempo prolongado”.
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Para o economista-chefe da XP, Caio Megale, o BC deu dois sinais “um pouco mais duros” que o esperado nesta quarta. O primeiro deles foi a manutenção da afirmação de que pode voltar a subir os juros se necessário. O segundo ponto foi a manutenção da projeção de inflação para 2027, sem aproximação maior da meta.
“É um sinal claro do BC de que as projeções sugerem inflação significativamente acima da meta e, portanto, um desafio importante de política monetária adiante. Reforça que muito dificilmente vamos ter cortes de juros no curto prazo”, afirmou.
Após sete elevações consecutivas que levaram a Selic ao patamar mais alto em 20 anos, o BC interrompeu o ciclo de alta em julho, decidindo nesta semana pela segunda manutenção consecutiva da taxa em 15%.
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Em comunicações oficiais e falas públicas de diretores, o Copom vem defendendo a manutenção da Selic em 15% por período bastante prolongado. O presidente do BC, Gabriel Galípolo, enfatizou em agosto que a “continuidade da interrupção” no ciclo de alta de juros, expressão agora retirada do comunicado, permitiria à autarquia observar a economia e avaliar se o patamar Selic seria restritivo o suficiente para levar a inflação à meta.
No comunicado desta quarta, o BC não fez alterações no seu balanço de riscos para os preços à frente, reafirmando que os riscos para a inflação, tanto de alta quanto de baixa, seguem mais elevados do que o usual.
Para Gabriel Lago, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital, o tom do comunicado veio claramente mais hawkish (indicando um tom duro, com cautela para corte de juros), até um pouco mais do que veio em julho.
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Desta forma, na visão do analista, a repercussão nos mercados na quinta deve ser de uma forma imediata com os juros futuros em alta, refletindo o tom mais duro que teve nesse comunicado.
Lago ressalta que, em meio a esse recado mais duro do que o esperado, um ponto que chamou a atenção também foi a menção explícita às tarifas comerciais dos EUA contra o Brasil. “Isso não tinha sido feito no comunicado, foi algo novo, isso mostra que ele está preocupado não apenas com a inflação interna, mas o que esse choque externo pode vir a pressionar o câmbio”, avalia. Assim, acredita que o dólar pode ganhar um pouco de força com essa percepção de risco externo e geopolítico.
Já para a Bolsa, avalia que este pode ser um ponto de atenção. “Com os juros futuros subindo, o mercado fica um pouco mais pessimista com a Bolsa. Assim, o Ibovespa pode abrir com uma queda e depois mudar de direção a depender das notícias do desenrolar do dia. Mas o comunicado foi bem duro, então é bem provável que o juros futuros abram subindo e a Bolsa tenha dificuldade para subir”, conclui.
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(com Reuters)