Quem começa a investir no mercado acionário logo se depara com três termos que parecem sinônimos, mas não são. Embora todos estejam ligados à remuneração do acionista, existe diferença entre dividendos, dividend yield e proventos, pois cada um tem uma função diferente.
O dividendo é um pagamento em dinheiro, o dividend yield é um indicador e os proventos englobam tudo o que o investidor pode receber. Saber essas distinções ajuda a comparar ativos que pagam rendimentos periódicos (como ações, fundos imobiliários, ETFs) e a montar uma carteira que traga os resultados desejados.
É justamente sobre isso que falaremos a seguir. Se você também tem dúvidas, continue a leitura e entenda cada um dos conceitos.
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O que são dividendos?
Os dividendos são a forma mais conhecida de remuneração ao acionista. Trata-se de uma parcela do lucro líquido que a empresa distribui aos seus sócios, na proporção de ações que cada um possui.
A lei brasileira determina que as companhias distribuam, no mínimo, 25% do seu lucro ajustado, a não ser que o estatuto traga alguma previsão diferente. Na prática, muitas acabam pagando mais do que isso, especialmente nos setores de energia, infraestrutura, financeiro e outros que costumam gerar receitas e resultados mais estáveis.
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Como o investidor recebe dividendos?
O dinheiro cai na conta do investidor automaticamente quando a empresa aprova a distribuição de dividendos.
Isso pode ocorrer a cada trimestre, semestre, ano, de acordo com cada política de distribuição. Há também casos de dividendos extraordinários, quando a companhia tem algum ganho não recorrente e resolve dividir parte dele com os acionistas.
Quem costuma acompanhar esses pagamentos deve prestar atenção em três datas fundamentais:
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- Data-com: último dia em que a ação precisa estar na carteira para que o investidor tenha direito ao dividendo.
- Data-ex: é o dia seguinte à data-com, quando a ação passa a ser negociada sem direito ao dividendo do período. É comum que o preço caia na data-ex, refletindo o valor que será distribuído.
- Data do pagamento: dia em que o dinheiro efetivamente entra na conta da corretora.
No Brasil, os dividendos ainda são isentos de Imposto de Renda para pessoas físicas, o que aumenta a atratividade desse tipo de rendimento.
O que são proventos?
O termo proventos é mais abrangente, pois ele engloba os dividendos e outros tipos de benefícios que o acionista pode receber, inclusive os que não são em dinheiro.
Veja agora os outros tipos de proventos que costumam aparecer com mais frequência no mercado, e que, muitas vezes, confundem o investidor iniciante:
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Juros sobre Capital Próprio (JCP)
Assim como os dividendos, o JCP é igual a dinheiro na conta, mas com um detalhe importante: a tributação.
Esse tipo de provento permite que a empresa abata o valor pago da sua base de cálculo dos impostos. Nesse caso, é o acionista que paga o tributo: 15% de Imposto de Renda na fonte.
Por exemplo, ao receber R$ 100 de JCP, o investidor verá na conta somente R$ 85 – ou seja, dividendos entram sem desconto, ao passo que JCP sofre tributação.
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Leia também: Ações que pagam dividendos mensais: descubra como investir e aumentar sua renda
Bonificações em ações
Em vez de pagar os proventos em dinheiro, a empresa pode emitir novas ações e distribuí-las aos acionistas.
Suponha que você tenha 50 ações de uma companhia, e ela anuncia uma bonificação de 10%. Com isso, você passa a ter 55 ações, sem ter que pagar pelas cinco que recebeu.
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Esse aumento não se reflete imediatamente no seu patrimônio, pois o preço da ação tende a se ajustar depois das novas emissões. Mas você aumenta a sua participação na empresa e, se ela continuar performando bem, a sua carteira tende a se valorizar no longo prazo, com mais dividendos e valorização desses títulos.
Direito de subscrição
Quando a empresa decide emitir novas ações para captar recursos, surge o direito de subscrição.
Por lei, ela é obrigada a dar prioridade aos acionistas na compra desses títulos, justamente para que eles possam manter a sua participação na empresa sem ser diluída. Se não quiserem exercer o direito de subscrição, poderão vendê-lo a algum investidor interessado e transformar esse benefício em dinheiro.
O que é dividend yield?
Se os dividendos e JCP mostram quanto efetivamente entra na conta, o dividend yield (DY) mostra a relação desse valor com o preço atual da ação. Ele é expresso em percentual, e ajuda a comparar se um investimento é atrativo sob a ótica da remuneração.
Esse indicador aparece com frequência nos rankings de ações que mais pagam dividendos, mas é preciso analisá-lo com atenção. Isso porque o DY mostra o retorno bruto, não o líquido que chega ao investidor, pois os dividendos são isentos de IR, enquanto o JCP tem tributação na fonte.
Como interpretar o dividend yield?
Um DY alto pode indicar que a empresa realmente tem uma boa política de distribuição, mas não basta olhar só para o percentual sem conhecer os componentes do cálculo.
Por exemplo, pode ser que o dividendo seja extraordinário, ou mesmo que o preço da ação tenha caído em virtude de algum problema na empresa. Nesse último caso, mesmo a distribuição de valores mais baixos podem gerar um yield elevado e distorcer a análise.
O ideal é comparar o DY entre companhias do mesmo setor e avaliar a regularidade dos pagamentos ao longo do tempo. Para o investidor, um histórico consistente é muito mais interessante do que um valor pontual fora da curva.
Diferença entre dividendos, dividend yield e proventos
Enquanto os dividendos são uma forma de pagamento, os proventos incluem também outras modalidades de benefícios ao acionista. E o dividend yield é o indicador que relaciona os proventos em dinheiro com o preço atual da ação.
Ou seja:
- Dividendos: lucro em dinheiro que vai para o acionista.
- Proventos: todos os benefícios que o acionista recebe (em dinheiro ou não).
- Dividend yield: a “régua” que mostra se o pagamento em espécie é grande ou pequeno em relação ao preço do título.