Depois de cinco horas de reunião, a CPI das Câmeras, da Assembleia Legislativa (Alerj), traçou os planos para a sequência de seus trabalhos. Uma das medidas aprovadas foi a solicitação, à Polícia Civil, de um relatório dos veículos recuperados no estado, nos últimos 12 meses. As oitivas desta segunda-feira (25) tiveram como objetivo apurar possíveis conexões entre seguradoras, cooperativas e associações com o crime organizado.
No começo da reunião já havia sido determinada a convocação das associações que não compareceram nesta segunda. Dessa forma, o comparecimento passa a ser obrigatório, com possibilidade de condução coercitiva, diferente de quanto é feito um convite, que é quando a presença é facultativa. Os deputados também determinaram a quebra de sigilo bancário das seguradoras Álamo, Facility, assim como de seus representantes e corpo diretor.
CPI das Câmeras aperta o cerco contra empresa
O tom da oitiva foi firme em relação às 21 empresas convidadas a participar, principalmente diante das ausências. A APVS, um dos principais alvos, não enviou representante, enquanto a Facility, outra empresa na mira da CPI, esteve presente. Também compareceram representantes da Álamo, Auto Ache e 21GO, além de integrantes da Superintendência de Seguros Privados (Susep).
Atualmente, segundo o presidente da Susep, Alexandre Chang, 449 companhias de recuperação de veículos roubados atuam sem regulamentação no estado, sendo cerca de 2 mil em todo o país. A superintendência destacou que, apesar de atuarem há cerca de 20 anos, essas empresas ainda estão em processo de transição para se tornarem regulamentadas.

Participação das forças de segurança na reunião
Estiveram presentes ainda representantes das polícias Militar e Civil do Rio, incluindo o delegado Mauro César da Silva Júnior, titular da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA), e o tenente-coronel Marcelo Brasil, chefe da Assessoria Parlamentar da PM.
A atuação das empresas foi analisada com base nos desdobramentos da Operação Torniquete, que combate roubos, furtos e receptação de cargas e veículos no estado. Desde setembro de 2024, mais de 540 pessoas foram presas, além de veículos e cargas recuperados, avaliados em cerca de R$ 38 milhões, e bloqueios de bens e valores superiores a R$ 70 milhões.

Sobre a CPI das Câmeras
Instalada em 16 de junho, a CPI investiga empresas privadas responsáveis pela instalação de câmeras em locais públicos, além de cooperativas ligadas à recuperação de veículos roubados. A primeira oitiva ocorreu em 11 de agosto, com representantes de companhias de sistemas de vigilância e com o secretário municipal de Desenvolvimento Urbano e Licenciamento do Rio, Gustavo Guerrante.
A comissão foi criada por iniciativa de Alexandre Knoploch (PL). Ele apontou diversas irregularidades na atuação da empresa Gabriel, responsável pela instalação de câmeras e principal alvo da CPI, como a falta de licenciamento e a ausência de critérios legais claros para a colocação dos equipamentos.
A CPI das Câmeras também apura possíveis conexões entre seguradoras, cooperativas e o crime organizado. O objetivo é entender por que os custos dos seguros de veículos no Rio são tão altos, sob a suspeita de que parte dos valores pagos possa estar alimentando práticas criminosas.
Membros da CPI das Câmeras
Além de Knoploch, a CPI das Câmeras tem Marcelo Dino (União) como vice-presidente, Filippe Poubel (PL) como relator, titulares Rodrigo Amorim (União) e Luiz Paulo (PSD), e suplentes Alan Lopes (PL), Renan Jordy (PL), Professor Josemar (PSOL), Thiago Rangel (Avante) e Sarah Poncio (SDD).
Colaborou Vítor d’Avila