Lidar com as finanças em casal pode ser um desafio para muitos, especialmente porque cada um possui uma forma diferente de cuidar do dinheiro. No entanto, ter uma conta conjunta pode ser uma ferramenta prática para casais que buscam organização e clareza nas finanças.
Segundo Wanessa Guimarães, Planejadora Financeira CFP ® pela Planejar, esse pode ser um meio interessante de centralizar os recursos, facilitar o pagamento de despesas fixas, como aluguel e supermercado, além de acompanhar metas em comum, como a compra de um imóvel ou uma viagem.
A modalidade ainda promove transparência e reforça o senso de parceria, já que ambos têm acesso e responsabilidade sobre a gestão do dinheiro.
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Por outro lado, a medida também traz desafios, como a perda de autonomia individual, sensação de injustiça se não houver critérios proporcionais de contribuição e também o risco de conflitos quando não há alinhamento claro sobre prioridades e limites de consumo.
Quais os tipos de conta conjunta que existem?
Atualmente, há dois tipos de conta conjunta que instituições financeiras costumam disponibilizar:
- Conta conjunta solidária: todos os titulares podem movimentar a conta sem pedir permissão aos demais, com direito a cartão de débito e crédito próprios;
- Conta conjunta simples: as transações dependem da aprovação de todos os titulares da conta. Muitas vezes, um dos titulares possui acesso apenas à visualização do saldo, mas sem direito de movimentação.
Não é necessário abrir uma nova conta em um banco para que ela seja conjunta, pois diversas instituições oferecem a possibilidade de transformar uma conta já existente em formato conjunto.
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Uma alternativa considerada saudável e indicada pela planejadora financeira é adotar três frentes: uma conta individual para cada parceiro, destinada a gastos pessoais, e uma conta conjunta para despesas da casa e planos da vida a dois.
“Esse modelo preserva a independência financeira, reduz atritos e mantém a transparência necessária para que os projetos em comum avancem de forma equilibrada”, revela.
Vantagens da conta conjunta em casal
Ana Zucato, CEO e cofundadora da Noh, fintech de conta conjunta para casais, afirma que esse formato traz mais transparência no dia a dia, evitando algumas situações comuns, como sobrecarga de um dos parceiros em relação ao pagamento e organização das despesas.
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Além disso, sem essa ferramenta, o dinheiro pode facilmente se “perder” e fica difícil compreender quem está contribuindo mais ou menos com o rateio.
Ela reitera que o comportamento de “dívida eterna” pode ser resolvido com a conta conjunta. “Muitos casais usam a estratégia em que, por exemplo, um pagou R$ 150, o outro paga R$ 135 na próxima, ainda fica devendo R$ 15 e por aí vai. Com a conta conjunta, os dois separam o planejado para o mês em um só lugar e pronto. Pagou, já está dividido e não precisa ter prestação de contas ou cálculos o tempo inteiro”, avalia.
As metas financeiras também ficam menos trabalhosas e os casais conseguem avançar no planejamento dos sonhos em comum, segundo Zucato.
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Guimarães, da Planejar, destaca as principais vantagens de ter uma conta conjunta:
- Organização das finanças da casa: facilita o pagamento de despesas fixas como aluguel, supermercado, contas e compromissos familiares, sem a confusão de quem paga o quê;
- Clareza e transparência: todos os gastos ficam no mesmo lugar, o que reduz o risco de desconfianças ou atritos sobre dinheiro;
- Planejamento em comum: metas como compra de imóvel, viagem ou filhos podem ser melhor acompanhadas e controladas quando os recursos estão concentrados;
- Senso de parceria: reforça a ideia de projeto de vida a dois, unindo esforços em torno de objetivos compartilhados.
Desvantagens da conta conjunta em casal
A principal desvantagem apontada por Zucato, da Noh, é o uso da conta conjunta como fim e não meio. “Ter mais transparência e simplicidade na gestão financeira é um grande passo para casais, mas uma conta conjunta não resolve tudo”, afirma.
Apesar de ser uma ferramenta mais prática para acompanhar os gastos, um casal que ainda não discutiu suas metas financeiras pode enfrentar dificuldades em se planejar para o futuro e, consequentemente, não fazer um bom uso da plataforma.
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Outro ponto importante, para Zucato, é entender qual tipo de conta conjunta escolher. Utilizar plataformas em que ambos podem fazer qualquer transação, acompanhar investimentos e as metas financeiras garante um melhor planejamento.
Já Wanessa Guimarães revela as principais desvantagens de ter uma conta conjunta:
- Perda de autonomia individual: pode gerar incômodo se um dos parceiros sentir que precisa justificar todos os gastos pessoais;
- Potenciais conflitos: se não houver alinhamento de expectativas, escolhas pequenas (como um gasto pessoal) podem virar discussões;
- Desigualdade de rendas: quando há diferença significativa de ganhos, pode haver sensação de injustiça se não for definido um critério proporcional de contribuição;
- Risco de centralização: se todo o dinheiro fica em uma única conta e houver falta de transparência ou má gestão, ambos ficam vulneráveis.
A planejadora financeira ainda reforça que a conta conjunta não pode ser utilizada como ferramenta de planejamento sucessório. Ou seja, em caso de morte do parceiro, o acesso à conta pode ser bloqueado e será necessário fazer um inventário para recuperar os valores.