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Artur Rocha
27 de jun, 2025, 01:00
“Vivendo avançado, ganhando, ganhando, pra sempre…”. Os versos de “Vivendo Avançado”, música lançada pelo rapper carioca Filipe Ret em 2018, também servem de combustível no octógono. Mais precisamente para Alexandre Pantoja, brasileiro que defenderá pela quarta vez o cinturão dos moscas, neste sábado (28), diante do neozelandês Kai Kara-France, na co-luta principal do UFC 317.
Também natural do Rio de Janeiro – e da Zona Sul da Cidade Maravilhosa –, Pantoja se inspira na lírica de Ret antes mesmo de ser alçado ao mais elevado posto na principal liga de MMA do mundo. No dia a dia de treinos, é comum os fones do campeão reproduzirem o som do artista que surgiu nas ruas do Catete.
“O Filipe Ret é um dos melhores rappers que temos no Brasil ultimamente. Consequentemente, ele vem do Rio de Janeiro, da Zona Sul, e sempre cantou muito o que eu vivi e o que eu queria viver também”, contou Pantoja em entrevista ao ESPN.com.br.
Suas músicas preferidas vão além da faixa do álbum “Audaz”. Também entram na lista “Invicto”, “Neurótico de Guerra”, “Libertários Não Morrem” e “Os Deus Me Chamam”, que embalaram – e seguem embalando – a trajetória de Pantoja no MMA, incluindo a conquista inédita do cinturão peso mosca, em 2023, após vitória sobre Brandon Moreno no UFC 290.
“Eu lembro de ouvir (o álbum) ‘Vivaz’ muitas e muitas vezes, bem no começo mesmo. Muita gente não o conhecia, ele ainda não tinha estourado, mas a música dele já falava comigo, onde eu queria chegar, de botar a raiva que eu sentia no momento como um combustível para chegar onde eu queria chegar. Isso foi muito importante para mim, tem isso, parece que a música foi feita para a gente. A música ‘Vivendo Avançado’ fala muito do que eu quero, ‘Invicto’ também, têm várias letras e faixas que eu compactuo muito do mesmo sentimento”.
“A galera às vezes tem que perder um pouco o preconceito e tentar entender um pouco a letra do cara, mas acho que a música fala muito conforme a pessoa vive. Tudo o que eu vivi na minha vida eu consigo sentir essa letra com muito poder, eu meio que me aproprio da letra, é quase que contando a minha história. É muito marcante. Acho que vale a pena a galera conhecer o trabalho dele, que é fenomenal”.
Após defender o seu cinturão contra Kai Asakura, no último evento numerado de 2024, Pantoja teve um tempo maior para o seu camp visando o UFC 317. Durante o período, teve a chance de ir a um show da turnê “FRXV”, que celebrou os 15 anos de carreira de Ret. E lembrou com carinho do encontro com o seu ídolo da música.
“Eu fui no show dele em São Paulo, assisti do palco, pude ter uma relação maneira com ele. Estava com a minha esposa no palco, ouvindo as músicas que eu ouvia direto entre os meus camps, no começo da relação com a minha esposa. Foi uma conquista, sabe? Eu sabia que ali estava realizando um feito muito grande para mim, às vezes nem o Filipe Ret tem noção do que ele estava representando ali para mim, mas foi toda essa batalha. Eu chego ali do lado de um grande ídolo, um cara que faz letras que me motivam muito, e poder ouvi-lo do palco, ter essa interação com ele, foi uma grande vitória pessoal minha”.
‘Eu não estou com pressa’
Antes de subir no octógono na T-Mobile Arena, em Las Vegas, Pantoja recebeu um “convite” de Merab Dvalishvili para subir para o peso galo e disputar um duplo cinturão. O brasileiro não descarta a chance de isso acontecer, mas apenas futuramente, já que sente que tem o dever de zelar pela divisão dos moscas.
“Agora realmente não tem o que falar, eu quero buscar essa luta com o Kai Kara-France, essa vitória, que vai ser muito importante para consolidar a minha carreira, o meu status de campeão. Eu não consigo nem pensar muito em Merab agora. Claro que é um grande lutador, um grande campeão. Eu tenho uma categoria muito importante para defender, a gente vem de uma categoria que já foi muito crucificada antigamente, eu me sinto muito no dever de representar a minha categoria. Não estou com pressa de sair dessa categoria, nem nada”, disse.
“Claro que a gente sempre vê a motivação de ter um duplo campeonato, é algo que poucos no UFC fizeram, claro que eu continuo com o olhinho um pouquinho lá, mas muito importante eu estar defendendo a minha categoria. Se eu pego e tento subir – ou descarto essa categoria – eu estaria desvalorizando, e muito pelo contrário, eu acho que o peso mosca está sendo fundamental para o UFC no momento, que a gente não está tendo tantas lutas movimentadas nos pesados, está aquela complicação com o Jon Jones, o Topuria largou o cinturão, o Islam (Makhachev) largou o cinturão, e está toda essa loucura”, continuou.
“E o peso mosca se mostra uma categoria sólida, com lutadores de todo o lugar do mundo. Nas minhas últimas quatro lutas, lutei contra quatro nacionalidades diferentes, estou indo para a minha quinta luta de cinturão com um cara que também é de outra nacionalidade. Isso mostra o poder, a força da categoria, a diversificação”, disse Pantoja, que ainda contou os bastidores do seu camp.
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Vai aceitar o ‘convite’ de Merab? Pantoja é direto sobre mudar de categoria no UFC: ‘Não estou com pressa’
Alexandre Pantoja defende o cinturão do peso-mosca contra Kai Kara-France neste sábado (28), no UFC 317, na T-Mobile Arena, em Las Vegas (EUA)
“Foi legal (a preparação), eu tive um tempo a mais, desde dezembro. Até achei que lutaria em abril, saiu um rumor de que eu iria, mas não rolou. Foi interessante ver um pouco da divisão se desenrolando, ver os combates, os caras ganhavam e gritavam o meu nome. É legal também ficar de espectador de tudo o que foi criado, vendo a categoria se mexendo, novos nomes vindo”, disse, antes de concluir.
“Foi um bom período de treino também, eu consegui ir para o Brasil nesse meio tempo, fui dar um beijo na minha mãe, vi um jogo do Flamengo no Maracanã, fui no show do Filipe Ret, foi bem maneiro, e já voltei para casa. Eu não vejo a hora de executar o meu trabalho. O treinamento é muito cansativo, a gente treina muito para chegar o momento da luta, a gente luta duas, três vezes por ano, e eu não vejo a hora de poder exibir o meu show”.