A produção de leite, que por anos esteve concentrada nos estados de Minas Gerais e São Paulo, ganhou fôlego em regiões fluminenses com o uso de tecnologia, assistência técnica e apoio institucional. Em Campos, o programa “Campos Leite” tem impulsionado a produtividade e tornado a atividade uma oportunidade que vai além da tradição.
Na localidade de Balança Rangel, em Travessão, o produtor Felipe Samuel investiu em infraestrutura, genética e nutrição animal. Ele conta que deixou a área de técnico de segurança do trabalho para voltar a seguir o exemplo do pai no trabalho do campo.
“Quando eu nasci, meu pai já era um produtor rural, tirava leite, vendia leite na carroça, na cidade. E desde pequeno fui criado dentro de um curral, até aproximadamente meus 5 anos de idade. E isso ficou marcado na minha história, na minha infância. E quando eu tive essa oportunidade de retornar, eu aproveitei”, disse.
Hoje, a propriedade de Felipe produz mais de 200 litros de leite, com a mesma quantidade de rebanho de três anos atrás, quando eram produzidos 30 litros de leite por dia. O salto foi possível graças a boas práticas de manejo, alimentação balanceada e acompanhamento veterinário. Um crescimento de mais de 700% em produtividade, resultado direto da profissionalização no campo.
Criado em 2021, o programa já atendeu mais de 120 produtores com assistência técnica gratuita, melhoramento genético e gestão da produção. O “Campos Leite” tem o diferencial de levar o veterinário à propriedade, um serviço caro quando pago pelo pequeno agricultor, mas quando feito em conjunto multiplica resultados. Além da Secretaria Municipal de Agricultura de Campos, o projeto tem apoio do Sindicato Rural e Senar.
“Hoje, no município de Campos, nós temos um potencial muito grande para exploração da pecuária leiteira. Porque nós temos a topografia adequada, nós temos muita coisa. Hoje, com assistência técnica e incentivo, nós estamos conseguindo manter e em alguns casos até dobrar ou até triplicar essa produção do leite. E também o leite, hoje, ele impacta diretamente na qualidade de vida de muitos produtores. Tem muita gente que vive do leite. E isso também tem um lado social da causa. Que vai manter o homem no campo, fazer a sucessão familiar no campo, manter o produtor. Tem uma qualidade de vida melhor para quem está aqui no campo”, disse o médico veterinário Renan Ribeiro.
Recentemente, um resfriador de leite foi instalado na propriedade de Renan. O equipamento garante a conservação do produto e também atende propriedades vizinhas, como a do produtor Altivo Cruz na localidade de Santa Ana.
“O resfriador ajuda muito, principalmente os pequenos produtores, porque evita um gasto inicial na compra de um resfriador. Então, facilita muito”, disse Altivo ao destacar as vocações da região. “É uma região com tendências, mesmo na produção rural, não só na cana, como no leite, a gente vê que o pessoal se dedica mesmo aqui”, concluiu.