Uma subcomissão da Câmara dos Estados Unidos decidiu investigar como a Uber lida com relatos de agressão sexual e má conduta em sua plataforma. A medida surge semanas depois de o New York Times publicar uma reportagem que revelou a dimensão do problema: segundo documentos judiciais, entre 2017 e 2022 houve registros de incidentes em mais de 400 mil viagens, o que equivale a quase um caso a cada oito minutos.
A empresa, em relatórios anteriores, havia informado apenas 12,5 mil episódios classificados como graves, sem detalhar o número total de denúncias. Para parlamentares, a discrepância levanta dúvidas sobre a precisão e a integridade dos dados de segurança divulgados ao público.
Pressão política
A deputada Nancy Mace, republicana da Carolina do Sul e presidente do subcomitê de segurança cibernética e tecnologia, enviou carta ao CEO da Uber, Dara Khosrowshahi, cobrando explicações.
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Segundo ela, os números apontam para um “risco persistente à segurança dos usuários” e reforçam a necessidade de ferramentas de proteção mais eficazes.
Em nota, a Uber afirmou estar disposta a colaborar com o Congresso e destacou que 99,9% das viagens nos Estados Unidos ocorrem sem incidentes.
A empresa também defende que parte das queixas é de menor gravidade, como comentários ou linguagem inadequada, e que alguns relatos podem ser incorretos ou fraudulentos.
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A investigação do Times mostrou que a Uber testou recursos considerados promissores para reduzir riscos, como gravação obrigatória de vídeo, algoritmos para cruzamento de perfis e programas que conectam passageiras a motoristas mulheres. Muitos desses projetos, no entanto, não foram implementados de forma ampla.
Disputa judicial crescente
A Uber responde atualmente a mais de 3 mil processos nos Estados Unidos movidos por passageiros que alegam ter sido vítimas de motoristas. Sua principal concorrente, a Lyft, também enfrenta centenas de ações. A grande questão é se as empresas devem ser responsabilizadas juridicamente pela conduta de seus motoristas.
Nesta semana, um tribunal da Califórnia ouviu as alegações finais do primeiro processo coletivo estadual contra a Uber.
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Documentos apresentados no julgamento trouxeram dados atualizados, indicando que entre 2017 e 2024 houve mais de 558 mil relatos de agressão sexual ou má conduta em corridas da plataforma, com aumento em 2024 em relação ao ano anterior.