O Morgan Stanley elevou a recomendação da BB Seguridade (BBSE3), após recuo de 25% desde o pico de maio e de 10% no acumulado do ano. A classificação passou de underweight (exposição abaixo da média do mercado, equivalente à venda) para equal-weight (exposição igual a média do mercado, equivalente à neutro). Às 10h15, os papéis subiam 1,31%, a R$ 33,21.
O banco também revisou o preço-alvo de R$ 33 para R$ 35, o que representa um potencial de alta de apenas 8%, considerado pouco atrativo frente aos pares. Por exemplo, o preço-alvo para Caixa Seguridade (CXSE3) implica 36% de alta.
Segundo relatório, a subperformance das ações da BB Seguridade em relação aos pares e ao índice MSCI Brazil — em dólar, BBSE subiu apenas 6% no ano, contra 34% do MSCI Brazil — tornou a avaliação mais atrativa. O papel negocia a 7,1 vezes o múltiplo P/L (Preço sobre Lucro) projetado para 2026, com estimativas revisadas para baixo, alcançando o menor nível histórico. Dessa forma, o banco avalia que o mercado já incorporou a fraqueza esperada nos resultados, justificando a recomendação neutra.
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BBSE3: Por que neutra e não compra
O Morgan Stanley explica que optou por recomendação neutra, e não de compra, pois não espera aceleração no crescimento do lucro até 2027. As estimativas de lucro por ação (EPS) foram revisadas de R$ 4,82 para R$ 4,56 em 2026 e de R$ 4,69 e R$4,81 em 2027, indicando queda de 1% em 2026 e crescimento de 6% em 2027.
A previsão de crescimento de prêmios é de apenas 1% em 2026 e 10% a/a em 2027. Além disso, analistas esperam normalização das sinistralidades, subindo de 23,3% em 2025 para 25,6% em 2026, o que deve pressionar as margens técnicas. Com isso, os resultados operacionais não ligados a juros devem permanecer estáveis em 2026 e crescer 9% em 2027, enquanto resultados financeiros devem cair 5% em 2026 e 9% em 2027 devido a juros mais baixos.
A tese pessimista do banco — centrada em crescimento mais fraco do EPS e impactos já precificados — se confirma, reforçando a postura cautelosa:
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No início do ano, o Morgan Stanley argumentou que o valuation da BB Seguridade já capturava a maior parte do potencial de alta, incluindo o benefício de juros mais altos por mais tempo, e precificava alta probabilidade de renovação do contrato de distribuição com o Banco do Brasil (BBAS3), deixando pouco espaço para ganhos adicionais.
O banco também projetou que o crescimento do lucro da seguradora em 2025 e 2026 ficaria atrás dos pares, devido a crescimento fraco de prêmios e normalização das sinistralidades, pressionando as margens técnicas. Esse cenário se confirmou com revisões para baixo do consenso sell-side e comentários recentes da gestão na conferência em Londres.
Adicionalmente, o Morgan alertou que o mercado vinha negligenciando a qualidade do lucro da BB Seguridade em relação aos pares, atribuindo prêmio ao impulso de lucro decorrente de juros altos, dado que a empresa é a seguradora mais sensível a taxas de juros em cobertura do Morgan Stanley. Como referência, a Caixa Seguridade deve crescer em resultados operacionais não financeiros a um CAGR de 13% entre 2025 e 2027, e resultados financeiros a um CAGR de 4%, comparado a apenas 5% e queda de 7% na BB Seguridade.
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O Morgan Stanley também apontou complacência em relação a riscos-chave, como volatilidade de clima e preços de commodities em seguros rurais, necessidade de apoio governamental ao agronegócio e sensibilidade à inflação no segmento de previdência. Alguns desses riscos estão se materializando; por exemplo, problemas no crédito rural levaram a revisões de concessão de crédito no Banco do Brasil, e isso, combinado com corte de 50% nos subsídios governamentais para seguro rural, deve pressionar o crescimento de prêmios da BB Seguridade.
Em reação, a ação subia 1,25% na abertura dos negócios nesta sexta, a R$ 33,19.