Enquanto muitos traders buscam ganhos rápidos no mercado, o analista Max Bohm, da Nomos, destaca a importância de manter a mentalidade de investidor mesmo em operações de curto prazo. Para ele, a chave está em equilibrar diversificação, disciplina e visão de longo prazo, sem abrir mão de estratégias que possam capturar distorções de mercado.
Convidado do episódio 71 do programa GainDelas, no canal GainGast, Bohm reforçou sua trajetória de mais de 20 anos como analista e gestor de ações. “Há 20 anos eu acordo pensando em ações boas para comprar, para investir, durmo pensando em ações. Estou sempre buscando oportunidades, cases assimétricos, grandes valorizações na bolsa. E é isso que eu pretendo fazer até me aposentar”, afirmou.
Diversificar para sobreviver
A principal recomendação de Bohm para quem deseja montar uma carteira de investimentos é simples: diversificação. “Você pode ter blue chips, pode ter boas pagadoras de dividendos, pode ter small caps. Quando pensar em montar uma carteira, é importante pegar um pouco de cada perfil da bolsa e também ser fiel ao seu perfil”, disse.
Segundo ele, uma carteira sólida pode ser formada com 12 a 18 papéis, equilibrando setores e diferentes perfis de risco.
“Poucas ações aumentam o risco de que, se algumas irem mal, prejudiquem todo o portfólio. Já quando você tem acima de 10 ações, consegue uma mescla positiva em termos de rentabilidade.”
Ele relembrou o impacto de mudanças regulatórias em setores específicos, como energia elétrica e educação, que poderiam destruir valor de carteiras muito concentradas.
“Quando você vai ‘all in’ num determinado case, você corre risco de acontecer alguma notícia, de mudar fundamento, de um resultado ruim. Por isso que eu gosto de diversificar”, explicou.
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Para Bohm, até mesmo em carteiras focadas em dividendos é essencial evitar concentração. “Você consegue investir no setor elétrico, no setor de seguros e no setor bancário. Todos pagam bons dividendos. Então, para que concentrar tudo em um setor ou em uma ação se você pode ter uma combinação mais favorável para a rentabilidade de longo prazo”, completou.
Carteira tática x carteira estrutural
Um dos pontos centrais da visão de Bohm é a divisão clara entre estratégias de investimento. Ele explica que monta dois tipos de carteiras. A carteira estrutural é composta por ativos de longo prazo, como empresas de dividendos e small caps, baseada em fundamentos sólidos. E a carteira tática, voltada para operações de swing trade e long & short, com ganho de curto prazo.
Na construção das carteiras táticas, Bohm explica que utiliza a análise fundamentalista como filtro inicial, especialmente pelo estudo de múltiplos, e depois recorre aos analistas técnicos para buscar a confirmação.
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“Faço muita análise de múltiplos. Quando vejo que um papel está caindo e o múltiplo está muito descontado, me chama a atenção. O que eu faço é bater com os analistas técnicos: tem oportunidade aqui? Quando bate, é call.”
Ele reconhece que, para o público trader, essa combinação nem sempre é fácil de aceitar.
“Não temos só clientes traders, temos clientes que gostam de renda passiva e também de investimentos a longo prazo. Mas quando falo com o cara que é trader, é difícil. Ele costuma ser reticente. Aos poucos, vamos mostrando que é importante ter as duas coisas: a estratégia tática, de curto prazo, e a estratégia estrutural, de longo prazo”, afirmou.
Essa divisão, segundo o analista, ajuda o investidor a não misturar objetivos e a manter clareza de alocação.
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“É preciso ter uma caixinha para ganhos rápidos, táticos, e outra totalmente apartada para carteiras de longo prazo. São duas avenidas diferentes, com horizontes distintos, mas que podem dar muito certo juntas.”
Bohm reforça que a disciplina e o dimensionamento de risco são os pilares da sobrevivência no mercado. “O conceito mais importante de investimentos é o tamanho da posição. A grande sacada para ganhar no mercado é não se expor muito para não sair do jogo. Você tem que sobreviver”, conclui.
A visão para o Ibovespa nos próximos 12 meses
Mesmo após um período de volatilidade, Bohm se mostra otimista com a bolsa brasileira. Para ele, existem quatro gatilhos que podem levar o Ibovespa a patamares entre 150 mil e 160 mil pontos no próximo ano.
“No curto prazo é muito difícil prever, mas olhando para 12 meses eu vejo gatilhos claros para a bolsa: corte de juros nos Estados Unidos, queda da Selic, valuations descontados e a expectativa de mudança política em 2026. Esses fatores podem transformar o mercado.”
Ele reforça que mesmo investidores mais conservadores devem considerar uma alocação mínima em renda variável.
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“É inevitável ter alguma posição em bolsa. Quem ficar totalmente fora pode acabar entrando 30% mais caro”, alertou.
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