Comemorado em todo o Brasil, o Agosto Dourado é o mês dedicado à promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno. A campanha reforça a importância da amamentação como base para a saúde e o desenvolvimento infantil, além de seus impactos positivos também para as mães. Coordenadora da Emergência Pediátrica do Hospital São José, a médica pediatra Cleita Vicente destaca que o aleitamento vai muito além da nutrição.
“Existem vários benefícios, tanto para a mãe quanto para o bebê, principalmente no que se refere ao vínculo afetivo entre os dois, que é fundamental nesse início de relação. Para a mãe, além desse lado emocional, a amamentação libera hormônios que auxiliam na recuperação do parto, seja normal ou cesariana, ajudando na contração uterina e na produção do próprio leite. Para o bebê, o leite materno é completo do ponto de vista nutricional, sendo o único alimento necessário nos primeiros meses de vida”, explica.
A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde é que o aleitamento materno seja exclusivo até os seis meses de idade, sem necessidade de oferecer água, chás ou outros alimentos. Segundo a médica, esse período é essencial para a imunização do bebê. “Nos primeiros dias, o bebê recebe o colostro, uma substância riquíssima em anticorpos que ajudam na proteção contra doenças, principalmente enquanto ele ainda não recebeu todas as vacinas do calendário básico. Junto à vacinação disponível nas unidades de saúde, o leite materno contribui para uma imunização muito mais eficaz”, ressalta.
Após os seis meses, inicia-se a introdução alimentar, mas o aleitamento deve continuar sendo complementado com alimentos saudáveis e supervisionado por um pediatra. “É fundamental que o bebê seja acompanhado mensalmente. O desenvolvimento neurológico e nutricional deve ser avaliado de forma constante, porque cada criança reage de forma diferente à introdução de novos alimentos. A orientação individualizada faz toda a diferença para que essa transição seja segura e tranquila”, orienta Cleita.
A especialista também alerta para os desafios comuns enfrentados pelas mães nos primeiros dias de amamentação. Dor, fissuras nos mamilos e baixa produção de leite são algumas dificuldades que podem surgir e, muitas vezes, levam ao desestímulo precoce. “Esses problemas são comuns, mas podem ser evitados com preparação durante o pré-natal. Tomar sol nos mamilos, utilizar pomadas específicas e manter uma boa hidratação são cuidados fundamentais. A produção de leite depende muito da ingestão adequada de líquidos”, explica a pediatra.
O leite materno também exerce um papel importante na prevenção de doenças. “Ele protege contra infecções respiratórias, alergias, e ajuda na colonização saudável do intestino do bebê, prevenindo doenças gastrointestinais. Sem dúvida, é o primeiro imunizante do recém-nascido”, afirma a médica.
A pediatra também traz orientações práticas para garantir a segurança durante a amamentação. “É importante que a mãe esteja atenta à postura. Muitas vezes, pelo cansaço, a mãe quer amamentar deitada ao lado do bebê na cama, o que é muito perigoso. O ideal é manter a criança mais ereta durante e após o mamar, observando se ela está respirando bem e se fez a pega correta no mamilo. Após a amamentação, é fundamental deixar o bebê um tempo elevado para evitar broncoaspiração, e só depois colocá-lo deitado de lado, nunca de barriga para cima ou de bruços”, disse Cleita.
Além de todos os aspectos nutricionais e imunológicos, Cleita Vicente reforça que o ato de amamentar é um momento especial, de vínculo e amor. “O leite materno é alimento para o corpo e para a alma. É um gesto de amor puro e genuíno. O vínculo criado nesse momento é único, e é por isso que sempre vale a pena insistir e buscar apoio quando necessário”, concluiu a médica.