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Na quarta (30/04), um dia antes do feriado, quando a Região dos Lagos é destino concorrido, tanto pela terra quanto pelo mar, comerciantes e empresários de Búzios vão fazer o “fechadão do comércio” durante a audiência pública que questiona o licenciamento ambiental para a ancoragem de navios de cruzeiro na cidade. Segundo Vana Lopes, presidente da Associação do Centro Turístico de Búzios (ACTB), mais ou menos 40 lojistas vão suspender as atividades com o slogan “Vamos fechar por duas horas para não fechar para sempre”.
A audiência pública acontece na Praça Santos Dumont, no Centro, às 14h, por determinação da juíza federal Mônica Lúcia do Nascimento Alcântara Botelho, depois de ação do Ministério Público Federal (MPF).
O turismo de cruzeiros é uma das principais fontes de receita de Búzios, movimentando restaurantes, pousadas, lojas e serviços. A possibilidade de restrições severas — que podem levar à suspensão do “estacionamento” devido ao alto custo das soluções propostas — preocupa empresários e trabalhadores.
Em 2023, por exemplo, cruzeiros deixaram de atracar em Búzios por dois meses, causando prejuízos diretos para o comércio. A suspensão foi provocada pela sobrecarga dos píeres públicos, que também atendem escunas, catamarãs e outras embarcações. Em média, Búzios recebe entre um e dois navios por dia durante a temporada de cruzeiros, com uma permanência média dos passageiros entre 7 e 10 horas. Em 2024 e 2025, foram registradas mais ou menos 100 escalas de navios na cidade. Segundo a Prefeitura, aproximadamente meio milhão de visitantes passaram pela cidade, com R$13 milhões gastos na economia local.
Os cruzeiros que atracam ali ultrapassam 180 mil toneladas, enquanto as boias propostas suportam apenas 6 mil toneladas. Especialistas dizem que seria necessário construir fundações náuticas profundas para garantir segurança, um investimento de milhões, com manutenção igualmente milionária.
Luciano Oliveira, especialista em logística marítima e portuária, com 40 anos no setor, disse: “Há quatro modelos principais de ancoragem para grandes embarcações como os cruzeiros que operam em Búzios. Todos exigem estudos técnicos rigorosos, mão de obra especializada e o uso obrigatório de práticos marítimos, o que eleva ainda mais os custos operacionais. O debate sobre as boias começou há cerca de 15 anos, sem base técnica adequada, e foi evoluindo até a audiência de agora. Mas os navios mudaram, cresceram, e as soluções precisam acompanhar essa realidade”.
Outro ponto é o risco ambiental. As obras interfeririam diretamente no fundo marinho, em uma área que abriga o sensível Parque dos Corais, exigindo cuidados extras com licenciamento e mitigação de impactos.
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