O sócio da Ibiuna Investimentos, Rodrigo Azevedo, afirmou nesta segunda-feira (29) que, apesar de a eleição de 2026 já ter alterado probabilidades políticas e mexido com preços de ativos, o principal motor dos mercados brasileiros no curto prazo é o cenário externo, não a disputa eleitoral.
Segundo Azevedo, a percepção de que a corrida presidencial se tornou competitiva só se consolidou neste ano, após queda expressiva da aprovação do governo Lula no primeiro trimestre. “No fim de 2024, o consenso era de que Lula tinha grande chance de reeleição. Isso mudou, e hoje todos trabalham com um cenário 50 a 50. Mas, enquanto não houver clareza maior, o mercado vai continuar operando o ambiente global”, disse o gestor durante evento promovido pelo Itaú BBA em São Paulo.
Para o gestor, esse ambiente é dominado pelo processo de relaxamento monetário do Federal Reserve, que injeta liquidez em dólar e sustenta ativos de risco. “O manual de global macro é claro: quando o Fed corta juros, você compra bolsa, aplica no juro curto, vende dólar e compra ouro. É exatamente o que está acontecendo”, explicou.
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Nesta segunda, o ouro com vencimento em dezembro encerrou mais uma vez em nível recorde, com alta de 1,21%, a US$ 3.855,20 por onça-troy.
Azevedo destacou que a Ibiuna tem se beneficiado de posições aplicadas em juros curtos em diferentes países, além de apostas vendidas em dólar e pequenas alocações em metais preciosos. No Brasil, a visão é construtiva, mas com posições reduzidas. “Não dá para estar short em Brasil, porque basta uma mudança no quadro eleitoral para alterar totalmente as probabilidades. Por outro lado, não dá para ter posição muito grande sem visibilidade. Por isso a exposição é limitada”, afirmou.
O gestor acrescentou que apenas a partir do segundo trimestre de 2026 será possível formar apostas mais informadas sobre a eleição. Até lá, disse ele, o tema dominante para os mercados seguirá sendo a política monetária global.