O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair voltou ao centro da cena internacional ao ser cogitado para chefiar uma administração provisória na Faixa de Gaza, segundo revelaram a BBC e o The Guardian.
A ideia, que teria respaldo do presidente americano Donald Trump, prevê a criação de uma estrutura internacional com mandato da ONU para governar o território até a transição para o controle palestino.
Segundo a proposta, Blair comandaria a chamada Autoridade Internacional de Transição de Gaza (Gita), formada por líderes internacionais, representantes da ONU, delegados de países árabes e, possivelmente, uma figura palestina de perfil técnico ou empresarial.
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O modelo buscaria inspiração em experiências anteriores, como as missões que conduziram Kosovo e Timor-Leste ao status de Estados independentes.
Em fevereiro, Donald Trump apresentou planos, que parecem ter sido abandonados desde então, para que os EUA assumissem “uma posição de propriedade de longo prazo” sobre Gaza, dizendo que ela poderia ser a “Riviera do Oriente Médio”.
A ideia envolveria o deslocamento forçado de palestinos no território e violaria o direito internacional. Os EUA e Israel disseram que envolveria emigração “voluntária”.
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Divergências internas
Apesar do apoio da Casa Branca, a presença de Blair desperta resistência entre palestinos. Muitos o associam à Guerra do Iraque de 2003, quando, como premiê, apoiou os Estados Unidos na invasão que desestabilizou a região.
Contudo, seu gabinete já declarou que o político não aceitaria liderar um projeto que implicasse deslocamento forçado da população de Gaza.
As negociações avançam em paralelo a outras propostas internacionais para a reconstrução do território. Em julho, França e Arábia Saudita apresentaram à ONU um plano alternativo, que previa administração sob supervisão da Autoridade Palestina, que foi rejeitado por EUA e Israel.
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O movimento ocorre em meio à crescente pressão diplomática: nesta semana, Reino Unido, França, Canadá e Austrália reconheceram formalmente o Estado da Palestina, reforçando os apelos por uma solução de dois Estados. Washington e Tel Aviv, por outro lado, classificaram a medida como uma “recompensa ao Hamas”.
Trajetória no Oriente Médio
Desde que deixou o cargo em 2007, Tony Blair atuou como enviado do Quarteto Internacional (EUA, União Europeia, Rússia e ONU) para o Oriente Médio, com foco no desenvolvimento econômico da Palestina.
Ainda assim, carrega a imagem controversa de aliado de George W. Bush na invasão do Iraque, episódio que minou sua credibilidade em boa parte da região. Blair foi duramente criticado após um inquérito oficial ter apontado que o envio de forças britânicas para a Guerra do Iraque, em 2003, teria sido baseada em informações falhas, sem haver a certeza de que o país produzisse armas de destruição em massa.