O Congresso caminha para uma paralisação do governo federal que pode privar autoridades, líderes empresariais e investidores de dados essenciais para avaliar a economia dos Estados Unidos.
Muitas operações federais serão suspensas e funcionários não essenciais afastados ou demitidos caso não haja acordo até o fim do atual ano fiscal, na terça-feira. Isso deve atrasar a divulgação de indicadores de referência, principalmente o relatório de empregos do Departamento de Estatísticas de Trabalho (BLS, na sigla em inglês).
Diante da incerteza sobre os efeitos das políticas do presidente Donald Trump na economia americana, estatísticas oficiais de emprego, inflação e consumo tornam-se ainda mais relevantes. Qualquer adiamento pode prejudicar decisões de política econômica, como a de cortar novamente os juros pelo Federal Reserve na reunião do próximo mês.
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“Você não quer voar às cegas em um ambiente de neblina”, disse Gregory Daco, economista-chefe da EY-Parthenon.
Se o governo fechar após 30 de setembro, o primeiro grande relatório afetado será o de emprego do BLS, previsto para 3 de outubro. Na sequência, o índice de preços ao consumidor será o próximo na fila, enquanto os relatórios de vendas no varejo e de construção residencial do Census Bureau também correm risco de atraso.
O Fed reduziu os juros em setembro pela primeira vez no ano, diante de sinais de desaquecimento do mercado de trabalho. Agora, autoridades acompanham de perto qualquer indício de piora.
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O Departamento do Trabalho, responsável pelo BLS, publicou diretrizes confirmando que a agência suspenderá operações e coleta de dados durante a interrupção orçamentária. Todos os relatórios agendados, como o de emprego mensal, deixariam de ser divulgados.
O plano estima meio dia para encerrar atividades no departamento, mas as tarefas de backup de sistemas podem levar até três dias no BLS.
Em 2013, a divulgação do relatório de emprego e do CPI foi adiada devido a um shutdown. Em 2018-2019, o fechamento do governo não afetou a publicação dos principais dados porque havia recursos garantidos.
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Haverá ainda dados privados, menos abrangentes, mas disponíveis, como a pesquisa de folha de pagamento da ADP Research e as vendas de imóveis existentes da National Association of Realtors.
O Fed volta a se reunir em 28 e 29 de outubro, e será mais difícil justificar um novo corte de juros sem os números oficiais, disse Stephen Stanley, economista-chefe do Santander US Capital Markets. Parte das autoridades já se mostra reticente e prefere esperar mais evidências.
“Existem dados privados e os dirigentes do Fed podem recorrer a seus contatos para ter uma noção do quadro, mas fica mais difícil sem os números agregados que costumamos usar”, afirmou Stanley.
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Um shutdown não levará a economia americana à recessão, mas terá custo e aumentará a incerteza já enfrentada por empresas, disse Neil Bradley, diretor de políticas da Câmara de Comércio dos EUA.
“Ao prolongar esse impasse, precisamos entender que estamos minando a economia e reduzindo o crescimento ao aumentar a incerteza”, disse Bradley em um webinar em 23 de setembro.
©️2025 Bloomberg L.P.