Entre os mais de 400 fundos imobiliários listados na B3, o MXRF11 ocupa uma posição singular. Conhecido por reunir a maior base de investidores da Bolsa — já são mais de 1,325 milhão —, ele se tornou porta de entrada para muitos brasileiros no universo dos FIIs.
Criado em 2012, o Maxi Renda combina um portfólio robusto de recebíveis imobiliários (CRIs) com gestão ativa e política de distribuição mensal. Além disso, o valor acessível das cotas, negociadas em torno de R$ 10 no mercado secundário, democratizou o acesso de pequenos investidores.
O patrimônio líquido do fundo já supera R$ 4 bilhões, e os números mais recentes mostram lucro de R$ 43,6 milhões em julho, com receita de quase R$ 47 milhões. Esses resultados reforçam a posição do MXRF11 entre os chamados “fundos de papel”, segmento que se beneficia de correções monetárias em períodos de inflação elevada.
Mas quanto efetivamente um cotista teria ganhado ao investir o equivalente a 25 salários mínimos no fundo? Para responder a essa pergunta, um levantamento do InfoMoney com a Economatica considerou a aplicação inicial de R$ 37,5 mil — cerca de 3.755 cotas — em setembro de 2024, acompanhando o desempenho ao longo de um ano.

O exercício revela dois cenários distintos. No primeiro, com reinvestimento de dividendos, o investidor acumulou R$ 4.571 em proventos e terminou com um patrimônio de R$ 41.596, o que representa ganho líquido de 10,78%.
No segundo, ao apenas embolsar os dividendos, o retorno foi negativo: apesar de receber R$ 4.318 em proventos, o valor das cotas caiu para R$ 36.799, resultando em perda de 2%.
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O contraste fica ainda mais claro no gráfico. A linha azul, que representa o reinvestimento, mostra trajetória de recuperação e crescimento consistente, enquanto a linha vermelha, sem reaplicação, não consegue se recuperar das quedas iniciais.

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Existe espaço para valorização do MXRF11?
Segundo Willian da Rocha, broker da mesa de alocação da Nippur Finance, o cenário atual de juros elevados tem sustentado o bom desempenho dos CRIs, sobretudo os indexados ao CDI e ao IPCA, que compõem a maior parte da carteira do MXRF11.
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“Esse ambiente garante previsibilidade de fluxo e mantém o fundo como um dos preferidos de investidores que buscam renda recorrente. Outro ponto de destaque é a liquidez: o MXRF11 movimenta em média R$ 10 milhões por dia, permitindo entrada e saída de investidores sem grandes distorções nos preço”, diz Rocha.
Para os próximos trimestres, no entanto, a expectativa de queda da Selic pode alterar a dinâmica. A redução dos juros tende a pressionar os rendimentos dos títulos de crédito, diminuindo a distribuição mensal.
Em contrapartida, a valorização das cotas no mercado secundário pode compensar parte dessa perda, já que ativos de renda previsível costumam ganhar prêmio em cenários de juros mais baixos.
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“Assim, o MXRF11 mantém seu apelo como opção conservadora entre os FIIs, voltada a quem prioriza estabilidade de renda, ainda que com espaço limitado para crescimento acelerado no curto prazo”, diz o analista.
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