A década de 1970 marcou um período de intensas transformações no Rio de Janeiro. Embora já não fosse a capital do Brasil desde 1960, a cidade mantinha seu prestígio como centro cultural, econômico e turístico do país. Era também um espaço de contrastes: de um lado, modernização urbana e efervescência cultural; de outro, desigualdade social crescente.
O samba ainda era símbolo da identidade carioca, especialmente através das escolas de samba, que ganhavam maior profissionalização e transformavam o Carnaval em um espetáculo de projeção internacional. Ao mesmo tempo, a Música Popular Brasileira, o teatro e o cinema mostravam obras que misturavam crítica social e inovação estética.
Os anos 70 trouxeram grandes obras de infraestrutura, como a abertura de túneis e avenidas que conectaram regiões antes isoladas, além do início da expansão imobiliária na Barra da Tijuca, planejada como um novo espaço moderno para a classe média e alta. No entanto, esse processo caminhava junto com a expansão das favelas, resultado da migração de trabalhadores vindos de outras regiões do Brasil e da ausência de políticas habitacionais consistentes.
Ao longo da década, a violência urbana começou a se tornar mais visível, refletindo as desigualdades sociais que cresciam em paralelo ao chamado “milagre econômico”. Assim, a imagem internacional da “Cidade Maravilhosa”, marcada pelas praias, pelo Cristo Redentor e pelo Maracanã, convivia com uma realidade cotidiana muito mais dura para a população.