O agronegócio brasileiro enfrenta desafios complexos que vão além da produtividade, envolvendo crédito rural, clima e gestão financeira. Para João Marcelo Dumoncel, CEO da 3tentos (TTEN3), o crédito rural oficial do Plano Safra, por exemplo, não tem sido suficiente para os produtores. O executivo foi o convidado do quinto episódio do podcast Raiz do Negócio, parceria entre InfoMoney e The AgriBiz, para detalhar como a 3tentos tem atuado nesse cenário.
Para se ter uma ideia, de acordo com um estudo realizado por Otaciano Neto, CEO da Zera.Ag e apresentador do Raiz do Negócio, a cada R$ 1 de crédito rural oficial, R$ 3,68 de valor bruto são gerados de produção no Brasil. Há, contudo, diferenças regionais importantes: no Mato Grosso, por exemplo, são gerados R$ 7 para cada real investido, enquanto que, no Rio Grande do Sul, apenas R$ 2 retornam pelo mesmo investimento, devido a eventos recentes de secas e enchentes. A 3tentos tem atuação nos dois estados.
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O CEO explicou que o Rio Grande do Sul enfrenta anos consecutivos de adversidades climáticas: secas, enchentes e, consequentemente, quebras de safra. “Isso descapitalizou muitos produtores. Como tivemos safras boas antes, teve quem conseguiu ter reservas, para segurar as pancadas.”
No Mato Grosso, a situação é quase o oposto: a produtividade elevada de soja e milho mantém boa liquidez e saúde financeira. Entretanto, a manutenção da Selic alta e os preços pressionados exigem ainda mais gestão e produtividade. “A forma de compensar é pela produtividade. Precisamos ter bons parceiros e acordar cedo, botar a botina no barro para fazer a coisa andar”, afirmou o CEO.
Além disso, a 3tentos investe em biomassa para apoiar a expansão da indústria de etanol de milho, com projetos integrados de plantio florestal. Segundo Dumoncel, isso garante autossuficiência em médio prazo, fortalecendo o modelo de negócios e garantindo segurança para produtores e indústria.
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As frentes de financiamento da 3tentos
Em um contexto de juros alto e adversidades climáticas, a empresa atua em duas frentes principais de financiamento no mercado agrícola.
Primeiro, por meio da modalidade barter, que permite liquidez via contratos futuros de venda de grãos ou derivados. Segundo o CEO da empresa, essa possibilidade traz uma virtude “fantástica”: é exatamente essa liquidez repassada ao agricultor em forma de insumos que possibilita a formação de lavoura.
Segundo, por meio da TentosCap, que conecta o mercado de capitais ao agricultor. Este tópico é muito importante, de acordo com o comandante da companhia, no sentido de aumentar a proximidade ao produtor rural, atendendo a demandas reais dos clientes, como é o caso do crédito.