O Ibovespa fechou em queda nesta quinta-feira, refletindo movimentos de realização de lucros após renovar recordes nos últimos pregões, com Assaí entre as maiores baixas em meio a preocupações envolvendo obrigações tributárias do GPA.
Ambipar, que não está no Ibovespa, também chamou a atenção, caindo 60,5% no pior momento, após obter proteção contra credores da Justiça do Rio de Janeiro, via medida cautelar, citando risco de rombo de mais de R$10 bilhões.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa cedeu 0,81%, a 145.306,23 pontos, após marcar 146.519,13 pontos na máxima e 145.186,77 pontos na mínima do dia. O volume financeiro somou R$20,1 bilhões.
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Na véspera, o Ibovespa teve uma sessão de oscilações modestas, mas assegurou novo topo de fechamento a 146.491,75 pontos, acumulando no ano uma valorização de quase 22%, em boa parte apoiado pelo fluxo de capital externo.
De acordo com o gestor de renda variável Daniel Utsch, da Nero Capital, apesar das “máximas”, o patamar do Ibovespa ainda está distante de significar um topo de otimismo, principalmente quando corrigido pela inflação ou calculado em dólar.
Ele avalia que há espaço para continuidade do movimento positivo para a bolsa paulista, principalmente apoiado pelo fluxo de capital externo para o pregão da B3, citando valuation atrativo e pouca alocação nas ações brasileiras.
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No ano, o saldo de capital externo está positivo em torno de R$25 bilhões, com setembro mostrando entrada líquida de R$3,8 bilhões.
Em meio a perspectivas de mais quedas dos juros nos Estados Unidos, ele também citou como catalisadores para o Ibovespa o corte da Selic se materializando e alguma visibilidade sobre o cenário político no país, principalmente as eleições em 2026.
Um arrefecimento na tensão com os EUA, acrescentou o gestor, também tende a repercutir positivamente, uma vez que vinha sendo vista como um “risco caudal” negativo.
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Da agenda do dia, Rahal, da Levante, destacou o IPCA-15 de setembro, com alta de 0,48%, ante previsão no mercado de aumento de 0,51%, levando a taxa em 12 meses a 5,32%, contra expectativa de 5,36%, com a principal pressão vindo da energia elétrica.
“O dado reforça a leitura de desaceleração gradual da inflação, em linha com atividade mais moderada e câmbio menos volátil”, observou.
Nesta quinta-feira, Wall Street corroborou o ajuste negativo na bolsa paulista nesta sessão, com o S&P 500 fechando em queda de 0,5%, no terceiro pregão de baixa, após renovar máximas históricas recentemente.
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Destaques
– AMBIPAR ON, que não faz parte do Ibovespa, desabou 24,24%, após pedir e obter da Justiça do Rio de Janeiro proteção contra credores, citando que o Deutsche Bank estaria exigindo o aporte de garantias adicionais envolvendo empréstimo contratado pela companhia com o banco. No pior momento, os papéis afundaram 60,5%.
– ASSAÍ ON recuou 5,37%, após anunciar que entrou com uma medida cautelar para bloquear as ações do GPA detidas pelo Casino ou, no caso de alienação, que os recursos sejam depositados em juízo, bem como obrigar o GPA a apresentar garantias que isentem o Assaí de eventuais contingências tributárias anteriores à cisão. GPA ON cedeu 2,3%.
– COSAN PN perdeu 7,01%, após dois pregões de alívio que vieram depois de um tombo de 18% na segunda-feira, quando reagiu a anúncio de capitalização bilionária, mas com forte diluição da base acionária. RAÍZEN PN, joint venture da Cosan com a Shell, recuou 7,27%, uma vez que permanece sem novidades sobre movimentos visando a redução do seu endividamento.
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– MINERVA ON caiu 1,84%, tendo no radar decisão da autoridade de defesa da concorrência do Uruguai, que mais uma vez negou a continuidade da venda de três fábricas da agora MBRF para a companhia. As instalações estão localizadas em San José, Salto e Colonia. MBRF ON fechou transacionada com declínio de 0,25%.
– NATURA ON avançou 2,34%, refletindo ajustes após quatro quedas seguidas, período em que acumulou declínio de mais de 13%. Na contramão, o índice de consumo da B3 caiu 1,32%.
– VALE ON mostrou acréscimo de 0,55%, endossada pela alta dos preços do minério de ferro na China, apoiada pela atividade de reabastecimento do insumo antes de um feriado na China. O contrato futuro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian avançou 0,25%.
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– PETROBRAS PN cedeu 0,8%, em sessão de ajustes, após três altas seguidas, período em que acumulou valorização de 5%. No exterior, o barril do petróleo sob o contrato Brent subiu 0,16%. PETROBRAS ON encerrou transacionada em baixa de 1,76%.
– BRADESCO PN caiu 0,79%, sucumbindo ao viés mais vendedor na bolsa paulista, que dominou o setor. ITAÚ UNIBANCO PN perdeu 0,8%, BTG PACTUAL UNIT cedeu 1%, BANCO DO BRASIL ON recuou 1,45% e SANTANDER BRASIL UNIT fechou em baixa de 1,07%.