A morte do último sobrevivente de um povo indígena que vivia no estado do Maranhão marca o fim de uma “trajetória de isolamento e resistência de um povo possivelmente extinto”. Essa é a declaração da Fundação Nacional dos Povos Indígenas sobre a morte do homem chamado Aurá, que foi confirmada pela Funai nessa quarta-feira (24).
Ele tinha 77 anos e faleceu no final de semana, em decorrência de insuficiência cardíaca e respiratória, no município de Zé Doca, a 300 km da capital São Luís. Ele pertencia a um grupo indígena que falava uma língua possivelmente da família Tupi-Guarani. Aurá foi visto pela primeira vez há quase quarenta anos, ao lado do irmão.
Os dois irmãos tiveram contato com diferentes povos, como os Parakanã, Tembé e Awá-Guajá, em tentativas da Funai de integrá-los. Mas os dois evitaram a comunicação, mantendo a própria língua e os próprios costumes. Depois que o irmão morreu, em 2014, Aurá passou a viver sozinho em uma aldeia na Terra Indígena Alto Turiaçu. Ele recebia assistência de equipes sanitárias, de saúde, além da Funai.
Marco Aurélio Milken, coordenador-geral de Indígenas Isolados e de Recente Contato da Funai, lembrou outra morte recente: de um homem que também era o último representante da sua etnia, o indígena Tanaru, também chamado de “Índio do Buraco”, encontrado morto em 2022.
O coordenador disse que o falecimento de Tanaru e Aurá são um alerta para a urgência da implementação de políticas de proteção territorial e cultural.