Uma pesquisa da Serasa em parceria com o Instituto Opinion Box apontou um fato preocupante nos relacionamentos. Entre os 1.120 entrevistados em todo o Brasil, 53% declararam que os conflitos financeiros no casamento são o principal motivo de discussão na vida a dois.
O levantamento de maio deste ano também mostrou que 35% das pessoas relacionaram os problemas a decisões financeiras impulsivas. Por sua vez, 49% já esconderam algum problema financeiro do parceiro e 45% contraíram dívidas no relacionamento que permaneceram após o término.
Para a planejadora financeira Nayra Sombra, os números escancaram a falta de diálogo estruturado e transparente sobre finanças.
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“Muitos casais não falam abertamente sobre dívidas, histórico de crédito ou hábitos de consumo, o que gera surpresas dolorosas depois. Além disso, expectativas desalinhadas sobre padrão de vida, compras feitas sem consulta e falta de uma reserva de emergência tornam a convivência ainda mais difícil”, avalia.
Segundo Nayra, quando não existe clareza, até um imprevisto como desemprego ou gasto médico inesperado pode virar motivo de desconfiança.
O peso do julgamento e da falta de escuta
Mais do que números, especialistas apontam que os atritos financeiros também refletem a forma como os casais se comunicam sobre dinheiro.
Nesse contexto, a planejadora financeira Paula Bazzo observa que muitos parceiros procuram ajuda não por quererem se separar, mas porque já não conseguem conversar sem julgamento.
“Eles já entram na conversa na defensiva, muitas vezes prontos para acusar em vez de buscar soluções. Isso torna impossível discutir cortes de gastos ou reorganização financeira sem que um se sinta punido ou acusado pelo outro”, relata.
Paula cita uma situação na qual um casal buscou orientação durante a transição de carreira de um dos parceiros. Um deles queria participar das discussões conjuntas, mas o outro tinha tanto medo de falar sobre dinheiro que preferia evitar.
“Essa contradição é muito comum, pois mesmo quando existe a busca por uma solução, o receio de ser julgado impede que o diálogo avance”, afirma a especialista.
Os números dos conflitos financeiros no casamento:
- 53% dos casais afirmam que o dinheiro é o principal motivo de briga;
- 35% relacionam os problemas a decisões financeiras impulsivas;
- 49% já esconderam dívidas ou questões financeiras do parceiro;
- 45% contraíram dívidas em função do relacionamento – e permaneceram com elas depois do término;
- 77,6% das famílias brasileiras estavam endividadas em abril de 2025, maior patamar desde 2022.
Fonte: Serasa/Opinion Box (maio de 2025) e CNC (abril de 2025).
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Quando falta propósito financeiro na relação
Outro aspecto destacado por Paula Bazzo é a ausência de um propósito claro para o uso do dinheiro.
Segundo ela, muitos casais veem o planejamento financeiro como controle de gastos, mas na verdade, ele deveria incluir sonhos, proteção contra riscos e construção de patrimônio. Quando isso não acontece, o bolso vira inimigo de ambos e desgasta a relação.
“Planejamento financeiro não é somente sobre o quanto gastamos, mas também sobre para onde estamos indo e o que estamos fazendo com o nosso dinheiro para que a vida faça sentido.”
A especialista lembra que muitos casais vivem apenas para pagar contas, sem avaliar se essas despesas estão gerando conquistas reais.
“Vejo casais endividados, gastando fortunas em aluguel ou carro, mas sem construir patrimônio. Isso torna a vida pesada, porque tudo acaba se baseando em dívidas”, observa.
Segundo Paula, um verdadeiro planejamento financeiro deve considerar também objetivos de longo prazo, como aposentadoria, proteção para os filhos menores e a realização de sonhos – como viagens ou a compra de um imóvel, por exemplo.
“A visão que muitos têm sobre o tema é distorcida, focada só em quanto se ganha e quanto se gasta. Planejamento real olha também para riscos, para a longevidade e para os projetos que dão significado à vida em conjunto”, conclui.