A Berkshire Hathaway vendeu integralmente sua participação na fabricante chinesa de veículos elétricos BYD, concluindo um investimento iniciado em 2008 a partir de recomendação de Charlie Munger. A informação foi confirmada por um porta-voz da empresa à CNBC.
O movimento encerra uma das apostas mais lucrativas de Warren Buffett: os papéis da BYD se valorizaram cerca de 3.890% durante o período em que estiveram na carteira da companhia. A entrada ocorreu com a compra de 225 milhões de ações por US$ 230 milhões. Em 2022, o valor da posição chegou a US$ 9 bilhões após um salto de 41% no segundo trimestre daquele ano.
A Berkshire começou a reduzir gradualmente sua fatia em 2022. No meio de 2024, já havia vendido quase 76% das ações, ficando com menos de 5% da companhia. Abaixo desse limite, não havia mais obrigação de divulgar as transações na bolsa de Hong Kong. Os relatórios mais recentes da Berkshire Hathaway Energy, subsidiária que detinha os papéis, indicaram valor zerado para a posição em março de 2025.
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Buffett não detalhou os motivos da venda. Em 2023, disse à CNBC que a BYD era uma empresa “extraordinária”, mas ressaltou que encontraria “coisas melhores para fazer com o dinheiro”. Naquele mesmo período, reduziu drasticamente a exposição à Taiwan Semiconductor, citando riscos geopolíticos, diante da tensão com a China.
A decisão marca o fim de uma aposta iniciada quando Munger classificou o fundador da BYD, Wang Chuanfu, como “um verdadeiro milagre” diante do potencial de crescimento da companhia.
Enquanto desmontava sua posição na BYD, Buffett voltou a defender a gestão com foco de longo prazo. O investidor é crítico da prática de empresas fornecerem projeções trimestrais de lucro por ação, que, segundo ele, distorcem prioridades estratégicas.
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O tema voltou à pauta após o presidente Donald Trump afirmar na rede Truth Social que a SEC deveria permitir balanços semestrais em vez de trimestrais. Segundo ele, a medida “economizaria dinheiro e permitiria que gestores focassem em administrar adequadamente suas empresas”.
A SEC declarou à CNBC que está priorizando a análise dessa proposta para reduzir encargos regulatórios.
Buffett, ao lado de executivos como Jamie Dimon, já havia defendido em artigo no Wall Street Journal que guidandes trimestrais levam a cortes em investimentos de longo prazo para atender metas imediatistas. Ele e Dimon destacaram, no entanto, que não são contra a divulgação trimestral de resultados, apenas contra a prática de antecipar previsões.