
O trágico assassinato de Brenno Caldas Teixeira, de 24 anos, ocorrido durante a tradicional “Cavalgada de Arapiranga”, na madrugada do dia 21 de julho de 2025, ganhou novos desdobramentos nesta semana. O caso, que já vinha mobilizando a população local, passou a levantar preocupações sobre a condução da investigação e o possível envolvimento de figuras públicas na proteção dos suspeitos.
De acordo com o Boletim de Ocorrência nº 00539241/2025-A07, Brenno foi atingido por dois disparos de revólver calibre .38 — um na virilha e outro no abdômen — na presença de diversas testemunhas. A motivação, segundo relatos, teria sido uma antiga desavença entre o pai da vítima e um dos suspeitos, intensificada por provocações e consumo de álcool durante o evento, que era organizado pela família de Brenno.
Testemunhas afirmam que Brenno teria ido até a casa do sogro de um dos envolvidos na tentativa de conter a tensão, mas acabou surpreendido pelos disparos. Vídeos analisados pela reportagem mostram os momentos posteriores ao crime, incluindo a fuga dos dois homens apontados como autores: Marlúcio Silva Abreu, suposto autor dos tiros, e Jardel Paixão Santos, apontado como coautor e dono da arma.
Segundo informações repassadas por moradores e familiares da vítima, ambos os suspeitos estariam foragidos e escondidos em uma propriedade rural que teria vínculos com o atual prefeito de Rio de Contas. Os dois são conhecidos na região por sua atuação empresarial, especialmente no setor de restaurantes em São Paulo, e têm histórico de apoio político local.
Imagens obtidas com exclusividade mostram Marlúcio ao lado do prefeito durante a cavalgada, o que reforçou as especulações sobre a proximidade entre os envolvidos. Apesar disso, até o momento, não há confirmação oficial sobre qualquer relação direta entre os suspeitos e autoridades locais.
A condução do caso tem sido alvo de críticas por parte da comunidade e de juristas consultados, que expressam preocupação com a falta de prisões ou de ações investigativas mais firmes diante dos elementos disponíveis.
Especialistas ressaltam que, diante das provas reunidas, da fuga dos suspeitos e do receio demonstrado por testemunhas, seria importante uma atuação mais incisiva para garantir o andamento regular da investigação. Alguns grupos da sociedade civil já sinalizam a intenção de encaminhar representações à Corregedoria da Polícia Civil, ao Ministério Público da Bahia, ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e à Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos.
O sepultamento de Brenno ocorreu em São Paulo, no Cemitério do Morumbi, reunindo familiares e amigos em um clima de dor e indignação. Ele era lembrado como um jovem tranquilo, trabalhador e sem histórico de envolvimento em conflitos.
Diante da comoção e da repercussão do caso, moradores da região e entidades ligadas aos direitos humanos pedem providências urgentes por parte do Ministério Público, da Secretaria de Segurança Pública da Bahia e do Poder Judiciário.
A equipe de reportagem tentou contato com o prefeito Célio, mas até o fechamento desta matéria não houve qualquer resposta. A Prefeitura de Rio de Contas também não se pronunciou.
O caso segue mobilizando a opinião pública e reacende o debate sobre a necessidade de transparência, agilidade e isenção nas investigações criminais, especialmente em localidades do interior, onde, muitas vezes, relações pessoais e políticas acabam sendo apontadas como entraves à Justiça.
Fonte: https://www.terra.com.br/diversao/homicidio-em-cavalgada-na-bahia-ganha-contornos-de-escandalo-politico-prefeito-e-suspeito-de-acobertar-fugitivos,a765c08fe6cf4534cea7bce0f0d5ad37v7lrdqiv.html#google_vignette