A natureza entrou em cena para mudar a rotina de uma escola pública em Campos. Um jardim sensorial construído com plantas aromáticas, caminhos táteis e flores coloridas agora ocupa o pátio da Escola Municipal Doutor Luiz Sobral. A transformação faz parte do projeto “Alunos especiais criam um espaço verde sensorial na escola para todos”, um dos contemplados pelo programa Mais Ciência na Escola, da Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia (Seduct).
A proposta é coordenada pela professora de Ciências Cristiane Maria Fernandes, que mobilizou estudantes, docentes e funcionários para repensar o espaço escolar como um ambiente mais acolhedor e inclusivo. A ideia nasceu ao perceber que o pátio, antes coberto apenas por pisos de cimento, carecia de verde e estímulos sensoriais. Era observado que ao chegarem na escola e na hora do intervalo, os alunos atípicos, principalmente, se sentavam em volta de um tronco, de uma árvore que havia antes da reforma.
“Nossa proposta era criar um ambiente mais inclusivo e estimulante para os alunos com necessidades especiais e que fosse centrado no olhar deles. Sabemos que a natureza e a exploração sensorial podem ser grandes aliadas no desenvolvimento e aprendizado desses alunos”, diz Cristiane.
Por se tratar de um projeto voltado à inclusão, ela conta com duas importantes parcerias na escola. Junto com a professora da sala de recursos Amanda da Silva Duarte Nascimento e com a mediadora de alunos com necessidades especiais Márcia Regina Pereira da Silva Louzada, Cristiane garante que cada detalhe do projeto atenda a toda a comunidade escolar.
Riqueza de detalhes e empoderamento
Os bolsistas do projeto — Andrey Chay Santos, Arthur Monteiro Lima e Emilly Vitória Oliveira —, com o apoio de voluntários, mergulharam em pesquisas sobre plantas, texturas e acessibilidade. Eles idealizaram canteiros com diferentes níveis de altura, caminhos com pedras e madeira, placas com escrita em braile e espaços de descanso. Cada etapa do projeto foi pensada e executada pelos próprios estudantes, com orientação das professoras envolvidas.
Em pouco tempo, o espaço se tornou um ponto de encontro e aprendizagem ao ar livre. O jardim agora é usado para aulas de diversas disciplinas e como local de relaxamento. A combinação de estímulos visuais, táteis e olfativos criou uma nova dinâmica para a escola e estimulou os alunos bolsistas do projeto.
“Desde que o projeto começou, percebemos uma grande mudança nos alunos. Eles estão mais motivados e engajados nas atividades escolares, com melhoria significativa na autoestima e confiança. Sentiram-se mais capazes, importantes e animados com o convite para remodelar a escola sob nossa orientação, além de mais empoderados ao assumirem esse papel de bolsistas e pesquisadores científicos”, relata Cristiane.
Durante a cerimônia de abertura das iniciativas do Mais Ciência na Escola para 2025, realizada na UENF, os bolsistas da Luiz Sobral apresentaram com orgulho o projeto, sendo bastante aplaudidos pelo público. Superaram a timidez e mostraram que a inclusão pode e deve estar no centro de qualquer prática educativa. O projeto é exemplo vivo dos objetivos do Mais Ciência na Escola, que promove o desenvolvimento da pesquisa no ensino fundamental e valoriza o protagonismo estudantil. Criado em 2021, o programa oferece bolsas para alunos e professores, incentivando experiências inovadoras no cotidiano escolar.
Neste ano, foram aprovados 107 projetos em 36 escolas do município. Estudantes do 6º ao 9º ano recebem R$ 200 por mês, e professores-orientadores, R$ 500 mensais, além de verba para compra de materiais. É com esse tipo de apoio que iniciativas como a da Escola Doutor Luiz Sobral ganham vida e florescem.