Num caso em que o debate extrapola o plenário e ganha os corredores do fórum, a vereadora Thais Ferreira, do PSOL, está processando na Justiça o coleguinha Pedro Duarte, do partido Novo. E tudo começou quando os dois, politicamente antagonistas, foram ao microfone da Câmara do Rio expor pontos de vista diferentes sobre a prisão do MC Poze do Rodo.
Duarte atacou a libertação do funkeiro — que é acusado de associação ao tráfico de drogas, entre outros crimes — e disse ao microfone que “ainda existe quem defenda bandidos”. Thaís, por sua vez, disse que “MC não é bandido” e afirmou que ia apresentar um projeto em defesa da categoria.
Pedro publicou os vídeos do debate nas redes sociais. Mas, o problema foi quando pagou o impulsionamento da postagem — para atingir outras pessoas, que não os seus seguidores habituais.
“Ando pelo meu bairro, tenho três filhos, que levo à escola todos os dias. Ele não pode expor a mim eà minha família assim. Enquanto era uma publicação orgânica, tudo bem, faz parte. Mas o impulsionamento transforma em peça publicitária, e para a publicidade ele tinha que ter a minha autorização”, disse Thais, que pediu a retirada do vídeo do ar e uma indenização de R$ 30 mil.
Já o vereador classificou o episódio como censura.
“Para nós, que somos pessoas públicas, o direito de imagem deve ser flexibilizado. Sobretudo quando se fala do exercício da função. O impulsionamento não muda isso. Não estou explorando a imagem de alguém para ter lucro, eu não monetizo nenhuma postagem. Só estou reverberando para que chegue a mais pessoas um debate político”, disse Duarte.
Vereadora pediu gratuidade de Justiça
Thaís pediu gratuidade de Justiça, dizendo não ter condições financeiras para arcar com as custas do processo. No que foi, claro, criticada por Duarte.
“Ela se declarou hipossuficiente. Ou seja, não quer pagar na Justiça as custas judicias do processo”, disse o vereador, em postagem nas redes sociais.
Thaís disse que pediu gratuidade porque, apesar de receber o salário de vereadora (R$ 18 mil), tem três filhos, ajuda a mãe doente e outros parentes.
“Ele não sabe o que é isso, mas sou uma mulher preta, periférica, mãe de três crianças e arrimo de família”, disse a vereadora.