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Lucas Guanaes e Luís Araújo
28 de set, 2025, 00:01
Em 2018-19 o San Antonio Spurs foi eliminado pelo Denver Nuggets logo na primeira rodada dos playoffs da Conferência Oeste. Desde então, os texanos nunca mais voltaram para a pós-temporada. A chegada de Wembanyama há dois anos foi o grande sinal de esperança e de que os ventos estavam novamente à favor de uma das mais influentes franquias da NBA no século. Levou um certo tempo e adaptação (processo ainda em andamento) para entender todos os efeitos de ter Wemby em quadra, mas é possível dizer que San Antonio tem uma equipe consistente. A chegada de De’Aaron Fox no final da última temporada foi o grande movimento feito pela franquia na direção de qualificar os companheiros do francês, que agora pode dizer que, sim, tem um bom time ao lado. Resta saber o impacto da saída de Popovich por motivos de saúde e como Mitch Johnson dará sua cara à equipe no comando técnico.
Como foram os Spurs na última temporada
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Campanha: 34 vitórias e 48 derrotas
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Classificação: 13° lugar na Conferência Oeste
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O que aconteceu: durante a primeira metade do campeonato, os Spurs estiveram perto dos 50% de aproveitamento, o que já representava um grande salto em relação ao ano anterior e os permitiu sonhar com uma vaga no play-in. A chegada de De’Aaron Fox pouco antes da pausa para o All-Star Game deu uma nova injeção de esperança, mas logo veio a lesão que tirou Victor Wembanyama do restante da temporada, o que enterrou qualquer chance de arrancada na parte final.
O elenco dos Spurs para a temporada 2025/26
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Escolhas de Draft: Dylan Harper (ala-armador, 2ª escolha), Carter Bryant (ala, 14ª escolha)
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Quem mais chegou: Adam Flanger (armador, Oklahoma City Thunder), Lindy Waters III (ala, Golden State Warriors), David Jones Garcia (ala), Stanley Umude (ala, Milwaukee Bucks), Micah Potter (ala-pivô, Utah Jazz), Kelly Olynyk (pivô, Washington Wizards), Luke Kornet (pivô, Boston Celtics)
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Quem foi embora: Chris Paul (armador, Los Angeles Clippers), Blake Wesley (ala-armador, Portland Trail Blazers), Malaki Brabham (ala-armador, Washington Wizards), Sandro Mamukelashvili (pivô, Toronto Raptors)
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Provável time titular: De’Aaron Fox, Stephon Castle, Devin Vassell, Harrison Barnes e Victor Wembanyama
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Reservas: Jordan McLaughlin, Adam Flanger (armadores), Dylan Harper (ala-armador), Keldon Johnson, Julian Champagnie, Lindy Waters III, Stanley Umude (alas), Jeremy Sochan, Micah Potter, Harrison Ingram, Riley Minix (alas-pivôs), Kelly Olynyk e Luke Kornet (pivôs)
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Técnico: Mitch Johnson
O clima para a temporada
Victor Wembanyama vai se recuperar e ficar pronto para jogar quando a temporada 2025/26 começar? Essa era a principal preocupação dos Spurs quando a offseason começou. O francês precisou ficar um tempo afastado devido a um diagnóstico de trombose venosa profunda no ombro direito. Ele passou por cirurgia, ficou meses se recuperando e, para alegria e alívio geral em San Antonio, recebeu liberação para voltar a jogar basquete normalmente.
Uma outra grande notícia para os planos futuros da equipe veio na noite da loteria do Draft de 2025, quando a sorte foi camarada e rendeu a segunda escolha geral, utilizada para o recrutamento do promissor Dylan Harper, ala-armador que tem controle de bola, infiltração e tomada de decisão com a bola na mão como pontos fortes.
Vale lembrar que os Spurs tiveram outra escolha de primeira rodada: o ala Carter Bryant, que também deve receber oportunidades na rotação e pode contribuir já neste primeiro ano. As demais novidades são jogadores experientes, como Kelly Olynyk e Luke Kornet, que chegam mais para ajudar um elenco repleto de jovens com a bagagem acumulada ao longo de vários anos na liga. E é bom não esquecer de De’Aaron Fox, um outro “all-star” que agora terá a oportunidade de trabalhar em seu novo time desde o início da temporada.
Mas nenhuma mudança no elenco chega aos pés do que se viu no comando do time. Depois de mais de duas décadas, Gregg Popovich confirmou a aposentadoria. Mitch Johnson, que já atuava como treinador interino, foi efetivado. Naturalmente, existe uma enorme expectativa em torno dessa substituição. Não é todo dia que alguém assume uma vaga antes ocupada por uma lenda do basquete.
Abre aspas
“Nunca usei esse número antes. Eu sinto que neste momento da vida, para mim e para a minha família, 7 é um grande número de aliança, realização e ordem. Foi mais ou menos isso o que me fez tomar essa decisão. A segunda razão é que espero ser um terço do jogador que Tim Duncan foi.”
Foi essa a explicação que Luke Kornet, uma das novidades do elenco dos Spurs para a temporada, deu a respeito da escolha de usar o número 7 em San Antonio.
Uma esperança
Para além de Wemby, os Spurs já possuem um elenco interessante. Fox, Castle, Vassell, Barnes, Keldon Johnson, Olynyk, além dos jovem Dylan Harper e Carter Bryant, dois top15 do último Draft. É uma mistura interessante de jovens, calouros e atletas de muita experiência na NBA, que deram constância a muitos elencos, exercendo papéis secundários com qualidade, inclusive defensivo. E aqui os Spurs podem ser uma das grandes equipes da liga.
A simples presença de Wembanyama é o suficiente para inibir uma série de arremessos, dos mais variados tipos, dos mais variados locais. Os que ainda se arriscam a enfrentar o gigante francês, ou precisam modificar ao máximo o timing e mecânica do arremesso, ou correm sério risco de levar tocos. Isso sem contar a disputa de rebotes. Wemby tende a concorrer pelo prêmio de defensor do ano por praticamente todas as temporadas que estiver na NBA. Em parte pelo seu físico, em parte por sua leitura em quadra.
Se Mitch Johnson conseguir transformar o restante do elenco em peças úteis na defesa, com um esquema que também funcione nos momentos que Wemby estiver no banco, os Spurs podem se tornar uma das equipes mais competitivas muito em breve.
Um medo
O único grande medo dos Spurs neste momento é a saúde e o bem-estar de Victor Wembanyama. Se ele não for um jogador com problemas sérios de lesão e que consiga estar em quadra de forma recorrente ao longo das próximas temporadas, estará tudo bem. Todo o resto parecerá contornável.
Mas o elenco conta com um punhado de outros jovens que ainda buscam se desenvolver e que precisam se provar. Caberia aqui então a pergunta sobre o quanto eles vão conseguir melhorar e oferecer como jogadores dentro da NBA. Mas na esteira disso tudo, parece ainda mais pertinente questionar se Mitch Johnson será a pessoa certa para treinar essa turma e comandar os Spurs neste momento. Especialmente pelo contexto em que ele se insere dentro da história da franquia e da liga como um todo.
Afinal de contas, não é todo dia que testemunhamos a aposentadoria de alguém tão vitorioso e icônico como Gregg Popovich. Qualquer um que assumisse a vaga deixada por ele teria muitos holofotes sobre a cabeça. Não será diferente com Johnson.
O cara
Victor Wembanyama chegou à NBA e não demorou muito para mostrar que as expectativas que haviam em torno dele antes do Draft não eram infundadas. No primeiro ano, assumiu rapidamente a posição de líder técnico dos Spurs, principalmente pelo impressionante impacto defensivo, e foi eleito o melhor calouro com sobras.
Na temporada passada, a segunda na liga, levou tudo isso a um patamar mais alto. O gigante francês aumentou sua produção para 24,3 pontos, 11,0 rebotes e impressionantes 3,8 tocos por partida. Esses números, aliados a uma melhora dos Spurs em relação ao ano anterior, o fizeram ser levado para o “All-Star Game”.
Logo em seguida, veio um grande susto: uma trombose venosa profunda no ombro direito que o afastou do restante do campeonato. Recuperado, Wembanyama está pronto para continuar escrevendo uma trajetória de brilho que muita gente previu para ele.
Defensivamente, já é um enorme fator de desequilíbrio. Não só pelo número de tocos, mas pelo visível temor que costumeiramente causa nos oponentes que tentam finalizar diante de sua presença. A quantidade de arremessos alterados e de posses de bola adversárias afetadas é absurda.
No ataque, é praticamente imparável quando sobe ao redor do aro, mas tem mostrado cada vez mais inclinação para finalizar fora do garrafão. Pela altura que tem, consegue simplesmente arremessar por cima de qualquer um, de qualquer lugar da quadra. O aproveitamento nessas ocasiões não é ruim, mas também não remete a um especialista. Talvez seja o seu grande desafio ainda equilibrar da melhor maneira todas as possibilidades que o porte físico o oferece para encontrar o máximo de eficiência.
Também vale a pena ficar de olho
Está claro que De’Aaron Fox é o segundo melhor jogador deste time. Trata-se de um armador que já foi all-star e que tem características que podem se encaixar perfeitamente com Victor Wembanyama. Não é difícil entender por que são grandes as expectativas em torno do estrago que o “pick and roll” entre os dois pode causar. Fox pode ser o armador certo para ajudar a levar o gigante francês a um nível ainda mais alto.
Mas é importante também lançar olhar sobre o grupo de jovens que os Spurs têm em mãos. Talvez quem mereça menção especial por aqui seja Stephon Castle. O ala-armador foi eleito o melhor calouro da temporada passada com justiça, mas vai precisar aprimorar alguns pontos e responder determinadas questões neste seu segundo ano se quiser ser titular e, mais ainda, ajudar os Spurs a brigarem mais alto no Oeste. A tendência é que ele jogue muito mais sem a bola nas mãos e que seja exigido de forma mais frequente como arremessador. Por isso, precisa render mais nessa função. O aproveitamento de 28% nas bolas de três no ano de novato não é algo que pode ser considerado bom. O índice de 42,8% nas finalizações em geral também não.
Grau de apelo para o telespectador – de 1 a 5
4 (alto) – Victor Wembanyama por si só já traz um altíssimo grau de entretenimento. A simples presença dele em quadra já merece muito da atenção do fã de basquete. Vê-lo causar temor em quem tenta finalizar perto da cesta dos Spurs e o comportamento com a bola nas mãos no ataque é irresistível. E tem ainda De’Aaron Fox, que chegou no meio da temporada passada e quase não jogou ao lado do francês ainda. Quando estiver entrosada, essa união promete demais.
Palpite para a temporada 2025/26 dos Spurs
No cenário mais otimista: Wembanyama e Fox viram uma das duplas mais perigosas da NBA e fazem os Spurs decolar ao ponto de voltarem aos playoffs. Pode ser via play-in ou até com o mando de quadra na primeira rodada, já que uma ou duas vitórias a mais ou a menos podem bastar para mudar a classificação em uma concorridíssima Conferência Oeste. Mas se as coisas funcionarem, esse time vai estar nesse bolo.
No cenário mais pessimista: mais vitórias do que no ano anterior, mas não o bastante para chegar ao alto nível de competitividade que o Oeste exige das equipes que querem chegar aos playoffs.
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